domingo, 14 de junho de 2020

Fiocruz lança cartilha sobre os impactos psicossociais da pandemia nas crianças.

Rotina familiar.

Planejar o dia e mantê-lo o mais próximo possível da rotina habitual pode ser um fator protetivo contra o surgimento de sintomas relacionados à
ansiedade e ao estresse. Ter um horário para acordar, fazer as refeições e dormir, assim como para realizar as diversas atividades, contribui para a organização do dia e também pode ser um aliado na promoção de bem-estar. As tarefas domésticas podem ser divididas inclusive com as crianças, respeitando o que conseguem fazer com segurança. Ter um tempo dedicado ao descanso também é fundamental, assim como o lazer não pode ser esquecido. As crianças precisam se movimentar, então, atividades que envolvam o corpo são necessárias, mas pode-se diversificar engajando-as em outras brincadeiras como jogos, desenhos, contação de histórias.
Nesse momento, o uso das telas (TV, smartfones, tablets, computadores) tem sido um aliado importante na manutenção dos laços sociais e afetivos das crianças. Embora o tempo diante de telas precise ser observado, e seja necessário garantir a adequação e a qualidade do conteúdo, há de se ter mais flexibilidade em seu uso. As recomendações  da Sociedade Brasileira de Pediatria, que oferecem parâmetros para o uso de telas fora das situações de crise, indicam que o tempo diário seja adequado à idade da criança, devendo-se desencorajar a exposição passiva. Tais recomendações não se aplicam aos casos de crianças não-verbais, que fazem uso da tecnologia como recurso de comunicação suplementar aumentativa.
Nestes casos, o livre acesso deve lhes ser garantido, cuidando para que possam brincar também com menor necessidade das telas. As telas ou o telefone também podem garantir um contato importante às crianças refugiadas ou migrantes com seu país de origem, o que pode ser estimulado como estratégia para apaziguar a saudade e o sofrimento gerados nesse momento.
Ainda no que diz respeito ao uso consciente das tecnologias, um alerta importante é que a exposição em ambientes virtuais abre caminho para ação de criminosos sexuais e torna a criança vulnerável para a exploração sexual, inclusive. Por esse motivo, faz-se necessário estar atento aos sites que a criança acessa, acionar o controle parental e o modo restrito nas páginas de acesso.
Além das atividades domésticas e de lazer, as crianças também têm tido demandas escolares. Aulas online, videoaulas, tarefas para serem realizadas são alguns exemplos das propostas que são feitas pelas escolas em diferentes níveis de ensino, que exigem tempo e dedicação não somente das crianças, mas também de um adulto que as auxilie.
Questionamentos sobre a efetividade dessa forma de ensino têm sido feitos, sobretudo porque o uso de tecnologias não é acessível a todas as crianças, e os processos de escolarização não se restringem à distribuição mais ou menos efetiva de conteúdos acadêmicos. Destaca-se como mais importante a possibilidade de as crianças manterem contato umas com as outras e com os professores. Possivelmente, o maior aprendizado que terão será como desenvolver recursos para enfrentar situações de crise, o que é fundamental para seu desenvolvimento, ainda que esse ganho não concorra com a experiência escolar presencial.
No caso das crianças com deficiência, as alternativas propostas pelas escolas, muitas vezes, representam novas barreiras à continuidade dos estudos. Isso sobrecarrega ainda mais os familiares ou cuidadores, que são responsabilizados por criar soluções de acessibilidade e adaptações de material para que as crianças possam acompanhar a turma. Quando isso não ocorre, inviabiliza-se a continuidade dos estudos, aprofundando a desigualdade na Educação. Acolher a angústia e a frustração das crianças e suas famílias, nesse contexto, é essencial para minimizar as repercussões do provável sentimento de que são preteridas, ou foram deixadas para trás. Por outro lado, há intervenções específicas de cuidado a serem realizadas no ambiente doméstico (exercícios posturais, de alimentação, de comunicação, dentre outros) que podem ser negociadas com os familiares ou cuidadores, de modo que recebam orientação adequada para realizá-las. Para isso, será importante considerar suas condições e compreender que tais intervenções têm por objetivo favorecer a saúde e o bem estar dessas crianças, sem, com isso, fomentar culpa ou exigências desnecessárias.
Será importante, ainda, acolher a preocupação das famílias quanto a possíveis “regressões” nesse contexto.

Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2020/06/11/fiocruz-lanca-cartilha-sobre-os-impactos-psicossociais-da-pandemia-nas-criancas?fbclid=IwAR2mJUKn0yMfrsGxv_7Nt802eCAsXeAN-cZwd21a-2e40O6gNwlRV8AdY3k


Para ler a cartilha completa clique AQUI
Imagem Pixabay

Um comentário:

Gracita disse...

Muito pertinente e oportuna esta reflexão nestes tempos em que o isolamento se faz necessário para conter o avanço da pandemia
Beijinhos