"Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens." Pitagoras
quinta-feira, 30 de junho de 2016
Razão x Emoção: Animação que inspirou o filme "Divertida Mente"
Estava garimpando algo bem original e achei esse vídeo que pode ser usado para as crianças entre 9 e 12.
O vídeo é auto explicativo, portanto vocês vão saber quando utilizá-lo e como.
Pode-se também fazer um link para conhecimento X amor por exemplo, explicando que um depende do outro para a evolução completa. Espero que gostem. :)))
terça-feira, 28 de junho de 2016
O Ganso de Ouro - Conto dos Irmãos Grimm.
Fonte da imagem:http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=6458&picture=goose-rock-3
Era uma vez
um homem que tinha três filhos. Todo mundo chamava o mais moço de João Bobo, e
ria e zombava dele o tempo todo. Um dia, o mais velho resolveu ir à floresta
cortar lenha. Antes de sair, a mãe deu a ele um bolo gostoso e uma garrafa de
vinho, para matar a fome e a sede. Quando estava no meio do mato, ele encontrou
um homenzinho cinzento, que deu bom-dia e disse:
— Estou com
tanta fome, e com tanta sede... Por favor, me dê um pedaço desse bolo que você
tem no bolso e um pouco do seu vinho.
O filho
esperto respondeu:
— Se eu lhe
der meu bolo e meu vinho, não vai sobrar nada para mim. Deixe-me em paz.
E deixou o
homenzinho parado ali.
Em seguida,
começou a cortar uma árvore, mas num instante errou o alvo, acertou o braço com
uma machadada e teve que ir para casa fazer curativo. Tudo por artes do homenzinho
cinzento.
Depois, o
segundo filho também foi para a floresta fazer lenha, e a mãe também lhe deu
bolo e vinho, igualzinho a como tinha sido com o mais velho. E ele também
encontrou o homenzinho cinzento, que pediu um pedaço de bolo e um pouco de vinho.
Mas o segundo filho também quis ser esperto e respondeu:
— Se eu der
para você, não sobra para mim. Deixe-me em paz.
E deixou o
homenzinho ali parado.
Não precisou
esperar muito pelo castigo. Logo nas primeiras machadadas que deu numa árvore,
cortou-se na perna e teve que ser carregado para casa.
Aí João Bobo
pediu:
— Papai, me
deixe ir fazer lenha...
O pai
respondeu:
— Seus
irmãos bem que tentaram e não conseguiram. É melhor você deixar isso pra lá...
Afinal, você não entende nada de cortar lenha.
Mas João
Bobo pediu e implorou até que o pai acabou dizendo:
— Muito bem,
vá em frente. Se você se machucar, talvez aprenda a lição.
A mãe deu a
ele um bolo feito de água e cinzas, e uma garrafa de cerveja choca. Quando ele
chegou à floresta, também encontrou o homenzinho cinzento que lhe disse:
— Estou com
tanta fome, e com tanta sede... Por favor, me dê um pedaço de bolo e um pouco
de vinho.
João Bobo
respondeu:
— Eu só
tenho bolo de cinzas e uma cerveja choca. Se você não se incomodar, sente aqui
comigo e coma e beba à vontade.
Eles se
sentaram, mas quando João Bobo pegou o bolo de cinzas, viu que ele tinha virado
um bolo finíssimo e muito gostoso, e que a cerveja choca agora era um vinho
delicioso. Comeram e beberam e, quando acabaram, o homenzinho disse:
— Como você
tem bom coração e divide alegremente com os outros o que tem, vou lhe dar
sorte. Está vendo aquela árvore velha lá adiante? Se você a derrubar, vai
encontrar uma coisa no meio das raízes.
E foi
embora.
João Bobo
derrubou a árvore. Quando ela caiu, havia no meio das raízes um ganso com penas
de ouro puro. Ele pegou o ganso no colo e foi passar a noite numa hospedaria.
O hospedeiro
tinha três filhas que, assim que viram o ganso de ouro, ficaram curiosíssimas
para saber mais coisas de um animal tão estranho. Todas cobiçavam as penas de
ouro, e a mais velha pensou: na certa eu vou conseguir arrancar uma para mim.
Quando João
Bobo foi dormir, ela agarrou a asa do ganso, mas ficou com o dedo e a mão
presos, sem conseguir soltar. Pouco depois, chegou à segunda irmã e também só
pensou em arrancar uma pena de ouro, mas, assim que tocou sua irmã, ficou presa
também. Finalmente, chegou à terceira, com o mesmo objetivo. As outras duas
gritaram:
— Fique
longe daqui, pelo amor de Deus! Longe daqui!
Mas ela não
entendia por que tinha que ficar longe dali, pensando: por que não devo ir onde
elas estão?
Correu até
elas, tocou a irmã e ficou bem presa. Acabaram tendo todas que passar a noite
com o ganso.
Na manhã
seguinte, João Bobo pegou o ganso no colo e foi-se embora. Nem reparou nas três
moças que estavam penduradas nele, e lá se foram elas correndo atrás dele, ora
para a esquerda, ora para a direita, por qualquer caminho que ele cismasse de
seguir. Quando passaram correndo por uma estradinha no campo, cruzaram com o
padre. Ao ver a tal procissão, ele disse:
— Que
horror, garotas! Vocês deviam ter vergonha! Por que vocês estão perseguindo esse
rapaz? Acham que isso é bonito?
Dizendo
isso, agarrou a mão da mais nova e tentou puxá-la, mas, no momento em que fez
isso, também ficou preso e teve que sair correndo junto com os outros. Daí a
pouco, encontraram o sacristão. Quando viu o padre correndo atrás das três
moças, gritou espantadíssimo:
— Ei,
reverendo, aonde é que o senhor está indo com tanta pressa? Não se esqueça:
temos um batizado hoje!
Correu atrás
dele, agarrou-o pela manga e ficou preso também.
Enquanto os
cinco seguiam apressados pela estrada, encontraram dois camponeses que vinham
dos campos com suas enxadas. O padre pediu ajuda, mas assim que eles encostaram-se
ao sacristão também ficaram presos, e a esta altura já eram sete pessoas
correndo atrás de João Bobo e de seu ganso.
— Bem mais
tarde, chegaram a uma cidade onde havia um rei cuja filha era tão séria que
ninguém conseguia fazê-la rir. Por isso, o rei tinha decretado que o primeiro
homem que conseguisse fazer a princesa rir casaria com ela. Quando João Bobo
ouviu isso, foi até a presença do rei — com seu ganso e todo o cortejo. Na hora
em que a princesa viu aquelas sete pessoas correndo enfileiradas, teve um
ataque de riso tão forte que parecia que nunca mais ia parar de dar
gargalhadas. Então João Bobo disse que tinha o direito de casar com ela, mas o
rei não queria um genro como ele e começou a fazer todo tipo de objeção. Até
que acabou dizendo que, para casar com sua filha, João Bobo ia ter que trazer
um homem que fosse capaz de beber uma adega inteirinha cheia de vinho.
João Bobo
pensou, pensou, e achou que talvez o homenzinho cinzento da floresta pudesse
dar alguma ajuda, por isso foi até lá. No lugar onde tinha cortado a árvore,
viu um sujeito com um ar muito infeliz, sentado no chão. Quando João Bobo
perguntou a ele por que estava tão triste, o homem respondeu:
— Estou com
uma sede tão grande que nada faz passar. Acabei de beber um barril inteiro de
vinho, mas isso é só uma gotinha para o que eu preciso.
— Eu posso
te ajudar — disse João Bobo. — É só vir comigo e se fartar...
Foi com ele
até a adega do rei, e o homem começou seu trabalho nos grandes tonéis. Bebeu,
bebeu, até ficar com as bochechas doendo, mas antes do dia acabar tinha secado
a adega inteira.
Mais uma
vez, João Bobo foi reclamar seu direito, mas o rei relutava tanto em deixar que
um idiota conhecido como João Bobo casasse com sua filha que acabou pensando em
outra condição: agora queria um homem que fosse capaz de comer uma montanha
inteira de pão.
João Bobo
nem precisou pensar muito. Foi até a floresta e, no mesmo lugar, encontrou um
homem que estava apertando o cinto em volta da barriga, fazendo a cara mais
infeliz do mundo.
— Acabo de
comer um forno cheio de pão — disse o homem —, mas, para uma fome como a minha,
isso não dá nem para a saída. Minha barriga continua vazia como sempre e, se eu
não a apertasse muito, a fome ia acabar me matando.
João Bobo
gostou de ouvir isso.
— Venha
comigo — disse. — Você vai comer até dizer chega.
E levou o
homem para o pátio do castelo do rei.
Tinham
trazido toda a farinha de trigo que existia no reino todo e tinham feito uma
imensa montanha de pão. Mas o homem da floresta subiu na montanha até o alto e
começou a comer, e antes do dia acabar o pão todo já tinha sumido.
Pela
terceira vez, João Bobo reclamou o cumprimento da promessa, mas o rei ainda
pensou em outra condição. Agora, ele queria um navio que fosse capaz de velejar
tanto na terra como na água.
— Mas assim
que me trouxer o navio, terá minha filha — garantiu.
João Bobo
foi direto à floresta, onde encontrou o homenzinho cinzento a quem tinha dado
seu bolo.
— Bebi e
comi por você — disse ele — e também vou lhe dar seu navio. Tudo isso porque
você foi bom para mim.
E deu a ele
o navio que velejava na terra e na água. Quando o rei viu isso, não pôde mais
continuar negando a mão de sua filha, e o casamento foi celebrado. Mais tarde,
quando o rei morreu, João Bobo herdou o reino e viveu feliz com a mulher para
sempre.
Moral da
história:
Fazer o bem,
ser bom e honesto compensa, quem faz o bem recebe o bem de volta.
O Galo de Briga e a Águia. Linda fábula de Esopo.
Fonte da imagem: http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=89710&picture=galo
Não existe
superioridade, mas apenas uma ilusória, aparente, e temporária vantagem...
Dois galos
estavam disputando em feroz luta, o direito de comandar o galinheiro de uma
chácara. Por fim, um põe o outro para correr e é autoproclamado o vencedor.
O Galo
derrotado afastou-se e foi se recolher num canto sossegado do galinheiro.
O vencedor,
ao contrário, tomado de orgulho e vaidade, voando até o alto de um muro, bateu
as asas e exultante cantou com toda sua força.
Uma Águia,
que pairava ali perto em busca de alimento, lançou-se sobre ele e com um golpe
certeiro levou-o preso em suas poderosas garras.
O Galo
derrotado saiu do seu canto, e daí em diante reinou absoluto livre de
concorrência.
Moral da
História:
Quem se
orgulha de uma conquista e humilha o seu adversário, mais cedo ou mais tarde
vai sofrer as consequências dos seus atos.
Conversando
sobre a história:
Tudo é
passageiro na vida, posições de aparente superioridade não devem subir à cabeça
e impedir que o que importa seja cultivado: as amizades sinceras.
O fato que
aconteceu na nossa fábula de hoje, acontece com os seres humanos. É devido à
arrogância e a uma aparente superioridade de uns sobre outros que a violência e
a desigualdade social ainda imperam na nossa sociedade. Todos devem ser respeitados
e tratados com educação.
Deus ama a
todos os seus filhos de igual maneira.
Atividade:
Escreva uma
pequena historinha sobre o assunto da fábula, mas faça um final diferente, onde
o vencedor respeite o vencido.
Depois faça
um desenho bem bonito.
domingo, 26 de junho de 2016
Cantigas de roda para festas juninas. Danças folclóricas gaúchas.
Fonte da imagem:http://pt.slideshare.net/SimoneHelenDrumond/apostila-quem-canta-seus-males-espanta-vol1
Pezinho.
Pezinho.
Folclóricas
Gaúchas.
Ai bota
aqui, ai bota ali o teu pezinho
O teu
pezinho bem juntinho com o meu
Ai bota
aqui, ai bota ali o teu pezinho
O teu
pezinho, o teu pezinho ao pé do meu
E depois não
vá dizer
Que você já
me esqueceu [2x]
Ai bota
aqui, ai bota ali o teu pezinho
O teu
pezinho bem juntinho com o meu
Ai bota
aqui, ai bota ali o teu pezinho
O teu
pezinho, o teu pezinho ao pé do meu
E no chegar
desse teu corpo
Ai um abraço
quero eu [2x]
Ai bota
aqui, ai bota ali o teu pezinho
O teu
pezinho bem juntinho com o meu
Ai bota
aqui, ai bota ali o teu pezinho
O teu
pezinho, o teu pezinho ao pé do meu
Agora que
estamos juntinhos
Dá cá um
abraço e um beijinho [2x]
Ai bota
aqui, ai bota ali o teu pezinho
O teu
pezinho bem juntinho com o meu
Ai bota
aqui, ai bota ali o teu pezinho
Canções Populares.
“Capelinha
de Melão.
É de São
João,
É de cravo é
de rosa é de manjericão.
São João
está dormindo não acorda não...
Acordai,
Acordai,
Acordai,
João “
VIVA SÃO
JOÃO !!!
O BALÃO VAI SUBINDO.
O BALÃO VAI SUBINDO.
O balão vai
subindo
Vem caindo a
garoa
O céu é tão
lindo
E a noite é
tão boa
São João,
São João,
Acende a
fogueira
Do meu
coração.
Sapo Cururu.
Cantigas
Populares
Sapo Cururu
na beira do rio
Quando o
sapo grita, ó Maninha, diz que está com frio
A mulher do
sapo, é quem está lá dentro
Fazendo
rendinha, ó Maninha, pro seu casamento.
Mais sobre cantigas populares clique AQUI
sábado, 25 de junho de 2016
Deus está falando com você. Prece indígena.
Fonte da imagem:http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=154384&picture=borboleta-em-um-dedo
Um homem sussurrou:
Deus fale comigo.
E um
rouxinol começou a cantar
Mas o homem
não ouviu.
Então o
homem repetiu:
Deus fale
comigo!
E um trovão
ecoou nos céus
Mas o homem
foi incapaz de ouvir.
O Homem
olhou em volta e disse:
Deus
deixe-me vê-lo
E uma
estrela brilhou no céu
Mas o homem
não a notou.
O homem
começou a gritar:
Deus
mostre-me um milagre
E uma
criança nasceu
Mas o homem
não sentiu o pulsar da vida.
Então o
homem começou a chorar e a se desesperar:
Deus
toque-me e deixe-me sentir que você está aqui comigo…
E uma
borboleta pousou suavemente em seu ombro
O homem
espantou a borboleta com a mão e desiludido
Continuou o
seu caminho triste, sozinho e com medo.
(Prece
Indígena - Tradução e adaptação do Livro By San Etioy)
sexta-feira, 24 de junho de 2016
O SOLDADO E O DIABO.
Fonte da imagem:https://pixabay.com/pt/sentinela-377523/
Contam que,
em outros tempos, há milhares e milhares de anos, quando nada existia do que
hoje existe, viveu em certa cidade um rico fidalgo, o barão de Macário, tão
poderoso e opulento, quão orgulhoso e mau.
Uma tarde,
achava-se ele no seu escritório, contemplando avaramente a grande fortuna que
acumulara, roubando aos pobres, às viúvas e aos órfãos, emprestando dinheiro a
juros elevados, quando, de súbito, se sentiu tocado por um raio de bondade, até
então jamais experimentado pelo seu coração empedernido.
Lembrou-se
que já estava velho; e que, com aquela idade, nunca fizera o menor benefício a
pessoa alguma, sem ter dado jamais uma única esmola sequer. Arrependeu-se, então,
do seu passado.
Nessa mesma
tarde, Augusto, um infeliz sapateiro, seu vizinho, que vivia na maior pobreza,
carregado de filhos, veio bater à porta, suplicando que lhe emprestasse cem
mil-réis, para se ver livre de uma penhora, e poder comprar o material que precisava
para os trabalhos de sua profissão.
– Em vez de
cem-mil réis, dar-te-ei um conto de réis, Augusto; disse o barão, com a
condição, porém, que, se eu morrer primeiro, você irá vigiar meu túmulo, nas
três primeiras noites depois do meu enterro.
O sapateiro
prometeu, acossado como estava pela necessidade, e o fidalgo deu-lhe o conto de
réis.
Dois meses
depois, o barão de Macário morreu; e Augusto, lembrando-se de sua promessa,
como era homem de promessa, foi cumpri-la.
Duas noites
passou ele em claro, no cemitério da cidade, cheio de medo, mas sem que
ocorresse novidade alguma.
Na terceira
e última, dirigia-se para ir velar junto no túmulo, quando avistou um soldado
encostado a um mausoléu.
– Eh!
camarada! bradou. Que fazes aí? Não tens medo de estar no cemitério?
– Eu não
tenho medo de coisa alguma, respondeu o militar. Vim para aqui, porque não
tenho onde pousar esta noite.
Puseram-se
ambos a conversar, enquanto o sapateiro contava ao soldado por que motivo ali
se achava.
Passou-se o
tempo, sem que eles o sentissem, quando o relógio da torre da igreja bateu
compassadamente as doze badaladas fúnebres da hora terrível da meia-noite!...
Então, nesse
momento, próximo deles surgiu de súbito, sem que soubessem de onde vinha, um
homem vestido de vermelho, com os olhos chispando fogo, e cheirando fortemente
a enxofre.
Era o diabo,
que lhes ordenou:
– Retirem-se
daqui, rapazes! a alma deste homem, que foi um grande usurário na terra,
pertence-me, e eu vim buscá-la.
– Senhor
vestido de vermelho, disse o soldado, o senhor não é meu superior, nem mesmo um
oficial. Não posso, pois, obedecer-lhe; e, assim, digo-lhe que se retire daqui,
pois aqui chegamos primeiro.
O diabo,
vendo aquele militar destemido, não quis puxar barulho, e lembrou-se de
comprá-lo, perguntando-lhe quanto queria para se ir embora.
– Aceito o
negócio que me propõe, sr. Satanás. Basta que me dê o dinheiro em ouro, que uma
das minhas botas puder conter.
O diabo
saiu, e foi pedir emprestado a um judeu seu amigo, que morava naquela mesma
cidade.
Enquanto não
vinha, o soldado puxando o rifle, cortou a sola do pé direito, e colocou-a por
cima de um túmulo aberto.
Quando
Satanás chegou, vergado ao peso de um saco de ouro, esvaziou-a, peça por peça,
dentro da bota. O dinheiro caía todo na sepultura.
– Olé! disse
o capataz do Inferno, esta bota parece-me mágica!
– Vá buscar
mais ... mandou o soldado.
Mais de dez
sacos foram assim trazidos pelo diabo. As moedas escorregavam pelo cano da
bota, e iam cair no túmulo, de modo que a bota jamais se enchia. Satanás, desesperado,
ia trazendo saco por saco. Na ocasião em que carregava o décimo saco, cheio de
moedas de ouro, eis que amanheceu de repente. O galo cantou; o sol rompeu; e o
sino da igreja bateu alegremente, chamando para a missa.
Satanás deu
um berro e desapareceu...
Estava salva
a alma do barão de Macário...
O soldado e
o sapateiro Augusto repartiram entre si a grande fortuna que o diabo deixara na
cova; e foram viver ricos e felizes, empregando uma boa parte do dinheiro em
dar esmolas aos pobres.
HISTÓRIAS DA
AVOZINHA - Figueiredo Pimentel.
Domínio
Público.
quinta-feira, 23 de junho de 2016
Os sete corvos. Um conto de fadas dos Irmãos Grimm.
Fonte da imagem: http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=16218&picture=crianca-e-da-lua
Um conto de
fadas dos Irmãos Grimm.
Um homem
tinha sete filhos e nunca tinha uma filha, por mais que desejasse. Até que,
finalmente, sua mulher lhe deu esperanças de novo e, quando a criança veio ao
mundo, era uma menina. A alegria foi enorme, mas a criança era franzina e miúda
e, por causa dessa fraqueza, foi preciso que lhe dessem logo os sacramentos. O
pai mandou um dos filhos ir correndo até a fonte, buscar água para o batismo.
Os outros seis foram atrás do irmão e, como cada um queria ser o primeiro a
puxar a água para cima, acabaram deixando o balde cair no fundo do poço. Aí
eles ficaram assustados, sem saber o que deviam fazer, e nenhum dos sete tinha
coragem de voltar para casa. Foram ficando por lá, sem sair do lugar.
Como estavam
demorando muito, o pai foi ficando cada vez mais impaciente e disse: - Na certa
ficaram brincando e se esqueceram de voltar, aqueles moleques levados...
Começou a
ficar com medo de que a menininha morresse sem ser batizada e, com raiva,
gritou:
- Tomara que
eles todos virem corvos!
Mal o pai
acabou de dizer essas palavras, ouviu um barulho de asas batendo no ar, por
cima da cabeça. Levantou os olhos e viu sete corvos negros como carvão voando
de um lado para outro.
Os pais
ficaram tristíssimos, mas não conseguiram fazer nada para quebrar o encanto.
Felizmente,
puderam se consolar um pouco com sua filhinha querida, que logo recuperou as
forças e cada dia ia ficando mais bonita. Durante muito tempo, ela ficou sem
saber que tinha tido irmãos, porque os pais tinham o maior cuidado de nunca
falar nisso. Mas um dia, ela ouviu por acaso umas pessoas comentando que era
uma pena que uma menina assim tão bonita como ela fosse a responsável pela
infelicidade dos irmãos.
A menina
ficou muito aflita e foi logo perguntar aos pais se era verdade que ela já
tinha tido irmãos, e o que tinha acontecido com eles. Os pais não puderam
continuar guardando segredo. Mas explicaram que o que aconteceu tinha sido um
desígnio do céu, e que o nascimento dela não tinha culpa de nada. Só que a
menina começou a ter remorsos todos os dias e resolveu que precisava dar um
jeito de livrar os irmãos do encanto. Não sossegou enquanto não saiu escondida,
tentando encontrar algum sinal deles em algum lugar, custasse o que custasse.
Não levou quase nada: só um anelzinho como lembrança dos pais, uma garrafinha
d'água para matar a sede e uma cadeirinha para descansar.
Andou,
andou, andou, cada vez para mais longe, até o fim do mundo. Aí, ela chegou junto
do sol. Mas ele era quente demais e muito terrível, porque comia os próprios
filhos. Ela saiu correndo, fugindo, para bem longe, até que chegou junto da
lua. Mas a lua era fria demais e muito malvada e cruel. Assim que viu a menina,
disse:
- Huuummm
sinto cheiro de carne humana...
A menina
saiu correndo bem depressa, fugindo para bem longe, até que chegou junto das
estrelas.
As estrelas
foram muito amáveis e boazinhas com ela, cada uma sentada em uma cadeirinha
separada. Então, a estrela da manhã se levantou, deu um ossinho de galinha à
menina e disse:
- Sem este
ossinho, você não vai conseguir abrir a montanha de vidro. E é na montanha de
vidro que estão os seus irmãos.
A menina
pegou no ossinho, embrulhou-o com todo cuidado num lenço e continuou seu caminho,
até que chegou à montanha de vidro. A porta estava bem fechada, trancada com
chave, e ela resolveu pegar o ossinho de galinha que estava guardado no lenço.
Mas quando desembrulhou, viu que não tinha nada dentro do pano e que ela tinha
perdido o presente que as boas estrelas tinham dado. Ficou sem saber o que
fazer. Queria muito salvar os irmãos, mas não tinha mais a chave da montanha de
vidro. Então, a boa irmãzinha pegou uma faca, cortou um dedo mindinho, enfiou
na fechadura
e deu um jeito de abrir a porta. Assim que entrou, um gnomo veio ao seu
encontro e lhe perguntou:
- Minha
filha, o que é que você está procurando?
- Procuro
meus irmãos, os sete corvos - respondeu ela. O gnomo então disse:
- Os
senhores Corvos não estão em casa, mas se quiser esperar até que eles cheguem,
entre e fique à vontade.
Lá em cima,
o gnomo pôs a mesa para o jantar dos corvos, com sete pratinhos e sete
copinhos. A irmã então comeu um pouco da comida de cada prato e bebeu um gole
de cada copo. Mas no último, deixou cair o anelzinho que tinha trazido.
De repente,
ouviu-se nos ares um barulho de gritos e batidas de asas. Então o gnomo disse:
- São os
senhores Corvos que estão chegando.
Eram eles
mesmos, com fome e com sede. Foram logo em direção aos pratos e copos. E, um
por um, foram gritando:
- Quem comeu
no meu prato? Quem bebeu no meu copo? Foi boca de gente, foi boca de gente...
Mas quando o
sétimo corvo acabou de esvaziar seu copo, o anel caiu lá de dentro. Ele olhou
bem e reconheceu que era um anel do pai e da mãe deles, e disse:
- Quem dera
que fosse a nossa irmãzinha, porque aí a gente ficava livre.
Quando a
menina, que estava escondida atrás da porta, ouviu esse desejo, apareceu de
repente e todos os corvos viraram gente outra vez. Começaram todos a se abraçar
e se beijar e a se fazer mil carinhos e depois voltaram para casa muito
felizes.
Moral da
história:
Não julgar e
condenar sem saber o motivo. Na hora da raiva devemos esperar que fiquemos
calmos para tomar qualquer decisão.
O pai dos
meninos agiu certo rogando uma praga sem saber o que tinha acontecido com eles?
O que os
corvos mais desejavam que acontecesse depois que viraram corvos? Por quê?
Trabalho com recortes:
Fonte da imagem:http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=59357&picture=passaro-corvo-clipart
Desenhar em cartolina a montanha de vidro e colar os sete corvos recortados.
Pode-se recortar também sete pratos e sete copos em preto e pedir que façam o desenho bem colorido.
quarta-feira, 22 de junho de 2016
Iara, a mãe d‘água. Folclore brasileiro.
Iara, a mãe
d‘água, provavelmente uma aculturação europeia com raízes nas sereias, é uma
figura mitológica difundida entre os indígenas e caboclos após o século XVII. Descrita
como uma mulher muito bonita, ela atrai os pescadores ou quem quer que se aproxime
do rio ou da praia à noite, levando a afogar-se na busca por diversão. Meio
peixe e meio mulher, apresenta-se penteando os cabelos ou cantando, atrai quem
a observa pelo efeito hipnótico de sua imagem ou canto, fazendo com que, na
ânsia de alcançá-la, o observador mergulhe nas profundezas das águas, morrendo
afogado. Em algumas comunidades, tem a reputação de protetora das águas e da
pesca.
Autora: ELITA
DE MEDEIROS – Domínio Público.
segunda-feira, 20 de junho de 2016
Chuva e sol. Leia poesia para sua criança.
Fonte da imagem:http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=93839&picture=a-menina-de-sorriso
Junta ao
pendor do abismo e suster-se sozinha;
quase a
tombar no mal, lutar vencendo o mal,
é difícil, é
belo! Eu vi exemplo igual
na ingênua
candidez de linda criancinha.
Disse a
mamãe, um dia, à loura Georgeana:
— Se até
anoitecer, eu não te ouvir chorar,
nem dar
gritos, prometo, amor, ir-te comprar
uma nenê
gentil, d'olhos de porcelana.
Apenas isto
ouviu, a bela pequenita
dança e
salta a cantar, com tal sofreguidão,
que
entontecendo, cai, ao comprido, no chão.
Esqueceu-lhe
a promessa. Ei-la que chora e grita.
— Prantos?
adeus boneca. Ouvindo esta ameaça,
ergue-se
Georgeana e diz muito ligeira,
mudando o
choro em riso, e com imensa graça.
— Chorei...
por brincadeira...
Adelina
Lopes Vieira – Domínio Público.
domingo, 19 de junho de 2016
A Gralha Azul. Folclore brasileiro.
Fonte da imagem:http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=65814&picture=grua-azul-em-santuario
Ave das
regiões serranas, à gralha azul atribui-se a expansão das florestas de
araucária, a qual, semeada pelo pássaro, estendeu-se por boa parte da região
sul. O pássaro planta o pinhão depois de tirar-lhe a cabeça, pois ela apodrece
o fruto, e planta-o com a parte mais fina para cima, facilitando a brotação.
A lenda da
gralha azul conta sobre um caçador que, após matar uma destas aves, desmaia
quando o estilhaço da pólvora volta para seu rosto e tem um sonho ou visão em
que a gralha aparece, contando o que faz e fazendo-o pensar que, pela lei, o
caçador é impedido de matar seu semelhante, mas a gralha azul, que cuida da
propagação da floresta de pinheiros, é morta sem qualquer piedade.
sexta-feira, 17 de junho de 2016
Alice no País das Maravilhas.Capítulo 10 A dança da lagosta.
A Falsa
Tartaruga suspirou profundamente e enxugou os olhos com o dorso de uma patinha.
Ela olhou para Alice e tentou falar, mas, durante um ou dois minutos, soluços
impediram-na de dizer qualquer coisa.
“Parece que
ela tem um osso na garganta”, disse o Grifo e pôs-se a caminhar mexendo-se pra
lá e pra cá, lançando-se para trás. Afinal a Falsa Tartaruga recobrou a voz e,
com lágrimas escorrendo pelas faces, recomeçou:
“... Você
talvez não tenha vivido muito no fundo do mar...” (“Não mesmo”, disse Alice) “...
e talvez não tenha sido apresentada jamais a uma lagosta...” (Alice começou a
dizer “Uma vez eu experimentei...”, mas conteve-se rapidamente e respondeu
“Não, nunca”) “... daí você não deve ter ideia de que coisa deliciosa que a
Dança da Lagosta é!”
“Não, realmente”,
disse Alice. “Que tipo de dança é?”
“Bem”, disse
o Grifo, “você primeiro forma uma fila na praia...”
“Duas
filas!”, gritou a Falsa Tartaruga. “Focas, tartarugas, salmões, e todo o resto
então, depois de tirar todas as águas-vivas do caminho...”
“O que
normalmente leva um bom tempo”, interrompeu o Grifo.
“... você dá
dois passos para frente...”
“Cada qual
com sua lagosta fazendo par!”, gritou o Grifo.
“Exatamente”,
disse a Falsa Tartaruga, “dá dois passos para frente, vira-se para seu par...”
“... troca
de lagosta e anda dois passos para trás...”, continuou o Grifo.
“Então,
sabe”, a Falsa Tartaruga continuou, “você atira as...”
“As
lagostas!” o Grifo exclamou, com um salto no ar.
“... o mais
para longe no mar que você possa...”
“E nada
atrás delas!”, gritou o Grifo.
“E dá um
salto mortal no mar!”, gritou desta vez a Falsa Tartaruga, dando cambalhotas
para todos os lados.
“E troca de
lagosta novamente”, berrou o Grifo o mais alto que pôde.
“Daí volta
para a terra de novo, e... assim completa-se a primeira figura”, terminou a
Falsa Tartaruga, repentinamente abaixando a voz; e as duas criaturas, que
estavam pulando como dois malucos antes, sentaram-se muito tristes e
quietinhas, olhando para Alice.
“Deve ser
uma dança muito bonita”, disse Alice timidamente.
“Você
gostaria de ver um pedacinho dela?”, perguntou a Falsa Tartaruga.
“Claro,
gostaria muito”, respondeu Alice.
“Venha,
vamos tentar fazer a primeira figura!”, disse a Falsa Tartaruga para o Grifo.
“Nós não podemos fazer isso sem as lagostas, você sabe muito bem. Quem iria
cantar?”
“Oh, você
canta”, disse o Grifo. “Eu esqueci as palavras.”
Então eles
começaram a dançar solenemente ao redor de Alice, às vezes pisando na ponta dos
seus pés quando passavam muito perto dela, e agitando as patas dianteiras para
marcar o tempo da música. A Falsa Tartaruga começou, então, a cantar esta
música, muito lenta e triste:
“Não dá pra
ir mais rápido?” disse a enchova para o caracol.
Tem um
delfim atrás de mim, e ele está me empurrando.
Olha só as
lagostas e as tartarugas, todo mundo tá andando!
O pessoal tá
esperando lá na areia — quer vir e juntar-se à nossa dança?
Você quer,
ou não quer, você quer, ou não quer, você quer se juntar à nossa dança?
Você quer,
ou não quer, você quer, ou não quer, você quer se juntar à nossa dança?
“Você não
pode acreditar como vai ser bom,
Eles vão nos
pegar e nos rodar e vão nos atirar com as lagostas para o mar!”
Mas o
caracol respondeu:
“Muito
longe, muito longe!” E deu uma olhadela de lado...
Agradeceu o
gentil convite, mas não, ele não queria se juntar à
nossa dança.
Não queria,
ou não podia, não queria, ou não podia se juntar à
nossa dança!
Não queria,
ou não podia, não queria, ou não podia se juntar à
nossa dança!
“E daí que
seja longe?” disse a amiga enfastiada,
Tem outra
praia, você sabe, outra praia do outro lado,
Quanto mais
longe da Inglaterra, mais perto se está da França.
Não fique
nervoso, querido caracol, e sim venha e se junte à
nossa dança.
Você quer,
ou não quer, você quer, ou não quer, você quer se
juntar à
nossa dança?
Você quer,
ou não quer, você quer, ou não quer, você quer se
juntar à
nossa dança?
“Muito
obrigada, é uma dança muito interessante para se assistir”, disse Alice
bastante aliviada por tudo ter acabado afinal, “e também achei muito curiosa
esta canção sobre a enchova!”
“Oh, a
enchova”, retrucou a Falsa Tartaruga, “elas... você já viu uma delas, não?”
“Sim”,
respondeu Alice, “eu sempre as vejo no jan...” e calou-se na hora.
“Eu não sei
onde fica este Jan”, disse a Falsa Tartaruga, “mas, se você as vê lá sempre, é
claro que você sabe como elas são.”
“Acho que
sim”, Alice replicou pensativamente. “Elas têm o rabo na boca... e são cobertas
de farinha de rosca.”
“Você está
errada sobre a farinha de rosca”, disse a Falsa Tartaruga. “Iria se dissolver
toda no fundo do mar. Mas elas têm o rabo na boca, e a razão para isso é...”,
aqui a Falsa Tartaruga bocejou e esfregou os olhos. “Conte para ela a razão e
tudo o mais”, finalmente a Falsa Tartaruga disse para o Grifo.
“A razão é”,
disse o Grifo, “que elas queriam de qualquer maneira ir dançar com as lagostas.
Daí elas foram atiradas ao mar. Daí a queda foi muito longa. Daí elas colocaram
os rabos nas bocas. Daí elas não conseguiram tirá-los mais. Isso é tudo.”
“Obrigada”,
disse Alice, “isso é muito interessante. Eu nunca aprendi tanto sobre enchovas
antes.”
“Eu posso
contar mais, se você quiser”, disse o Grifo. “Você sabe por que elas são
chamadas de enchovas?”
“Eu nunca
pensei nisso. Por quê?”
“Por causa
das botas e sapatos”, o Grifo replicou solenemente.
Alice estava
totalmente confusa. “Por causa das botas e sapatos?”, ela repetiu em um tom
interrogativo.
“Ora, como
você dá lustre em seus sapatos?”, perguntou o Grifo. “Eu quero dizer, o que os
faz brilhar?”
Alice olhou
para os sapatos e pensou um pouco antes de dar sua resposta. “Acho que são
lustrados com uma escova, eu acho. São escovados.”
“Botas e
sapatos no fundo do mar”, o Grifo continuou com uma voz profunda, “são
enchovados. Agora você sabe.”
“E do que
são feitos os sapatos no mar?”, Alice perguntou com grande curiosidade.
“Linguados e
enguias, é claro”, o Grifo retrucou um pouco impacientemente, “qualquer camarão
poderia lhe dizer isso.”
“Se eu fosse
a enchova”, disse Alice, cujos pensamentos ainda estavam passeando pela canção
que ouvira, “teria dito ao delfim... Vá embora, por favor. Não queremos você
conosco...”
“Mas elas
eram obrigadas a aceitá-lo”, a Falsa Tartaruga disse. “Nenhum peixe sensato vai
a lugar nenhum sem um delfim.”
“Não, de
verdade?”, disse Alice em um tom surpreso.
“É claro que
não”, disse a Falsa Tartaruga. “Por exemplo, se um peixe vem a mim e diz que
vai fazer um passeio, e digo logo ‘Com que delfim?
“Você não
está querendo dizer ‘com que fim? ’”
“Eu quero
dizer o que disse”, a Falsa Tartaruga replicou em um tom ofendido. E o Grifo
completou, “Venha, agora queremos ouvir algumas das suas aventuras.”
“Eu posso
contar-lhes minhas aventuras... começando por esta manhã”, disse Alice um pouco
timidamente. “Mas não adianta contar desde ontem, porque eu era uma pessoa diferente
ontem.”
“Explique
isso melhor”, disse a Falsa Tartaruga.
“Não, não!
As aventuras primeiro”, disse o Grifo em um tom impaciente. “Explicações tomam
um tempo louco!”
Então Alice
começou a contar suas aventuras desde a primeira vez que viu o Coelho Branco.
Ela estava um pouco nervosa porque logo que começou a falar as duas criaturas
sentaram-se bem perto da menina e abriam os olhos e a boca de uma maneira tão enorme...
mas ela ganhou coragem e seguiu em frente. Os ouvintes estavam em perfeito
silêncio até que ela chegou à parte sobre ela recitar Você está velho, Pai
Joaquim para a Lagarta, e as palavras vindo todas diferentes, e então a Falsa
Tartaruga soltou um longo suspiro e disse: “Que curioso!”
“Tão curioso
quanto poderia ser”, disse o Grifo.
“Saiu tudo
diferente”, a Falsa Tartaruga repetiu pensativamente. “Eu gostaria de ouvi-la
tentar repetir agora.” “Diga a ela para começar”, e olhou para o Grifo como se
pensasse que ele tinha algum tipo de autoridade sobre Alice.
“Levante-se
e recite Esta é a voz do malandro”, disse o Grifo.
“Como as
criaturas gostam de mandar aqui, e fazer-nos recitar lições!”, pensou Alice.
“Parece que estou na escola, afinal”. Apesar de reclamar, ela levantou-se e
começou a recitar, mas sua mente estava tão repleta da Dança da Lagosta, que
mal sabia o que estava dizendo; e as palavras saíram realmente muito estranhas:
Essa voz é
da lagosta. Eu a ouvi declarar:
“Você me
deixou muito bronzeada, preciso açucarar meus cabelos.”
Como um pato
cuidando das sobrancelhas, ela cuida do nariz
Arruma o
cinto e os botões, e revira seus sapatos.
Quando a
maré está baixa, ela canta uma canção,
Vai falando
com a voz forte de tubarão,
Mas, quando
a maré enche e os tubarões aparecem,
Sua voz fica
fininha e trêmula.
“É bem
diferente do que eu costumava dizer quando era criança”, disse o Grifo.
“Bem, eu
nunca ouvi isso antes”, disse a Falsa Tartaruga, “mas soa sem pé nem cabeça.”
Alice não
disse nada, apenas sentou-se com o rosto entre as mãos, pensando se alguma
coisa aconteceria de maneira normal novamente.
“Eu gostaria
que isso fosse explicado”, disse a Falsa Tartaruga.
“Ela não
pode explicar nada”, o Grifo retrucou rispidamente. “Siga para o segundo
verso.”
“Mas e os
botões?”, insistiu a Falsa Tartaruga. “Como é que ela poderia tê-los arrumado com
o nariz, você sabe?”
“Esta é a
primeira posição na dança”, Alice respondeu. Mas ela estava tão confusa com a
coisa toda que queria mudar logo de assunto.
“Siga para o
segundo verso”, o Grifo repetiu. “Ele começa com ‘Ao passar pelo jardim’”.
Alice não
pensou em desobedecer, embora sentisse que tudo iria dar errado, e começou com
uma vozinha trêmula...
Eu passava
pelo jardim e vi, com uma olhada de um só olho,
Que a
Pantera e o Mocho estavam dividindo uma torta;
A Pantera
comia a massa, o molho e a carne,
Já ao Mocho
o prato é que sobrava no trato.
Quando a
torta estava finda, ao Mocho, com muita educação,
Ofereceu a
Pantera uma colher.
Já a Pantera
ficou com o garfo e a faca,
E assim pôde
completar o banquete...
“Qual é a
graça de ficar repetindo esta besteira toda?”, a Falsa Tartaruga interrompeu.
“Se você não explica enquanto vai dizendo? Esta é, de longe, a coisa mais
confusa que eu já ouvi na vida!”
“Sim, acho
melhor você parar”, disse o Grifo e Alice estava muito feliz por isso.
“Vamos tentar
outra figura da Dança da Lagosta?”, continuou o Grifo. “Ou você preferia que a
Falsa Tartaruga cantasse outra canção?”
“Ah, outra
canção, por favor, se a Falsa Tartaruga não se incomodar”, Alice replicou tão
em cima que o Grifo disse, com uma cara de ofendido:
“Gosto não
se discute! Cante a Sopa de Tartaruga, você poderia, velha amiga?”
A Falsa
Tartaruga suspirou profundamente, e começou com uma voz entrecortada por
soluços, a cantar isso:
Que bela
sopa, tão rica e verde,
Esperando no
caldeirão a ferver!
Quem
consegue parar de comer?
Sopa do
jantar, bela sopa!
Sopa do
jantar, bela sopa!
Que be... la
so...pa!
Que be... la
so...pa!
Soooo...pa
do jantar!
Bela, bela
sopa!
Que bela
sopa, quem liga para um peixe,
Carne ou
outro prato?
Quem não
daria tudo o que tivesse por essa bela sopa?
Sopa do
jantar, bela sopa!
Sopa do
jantar, bela sopa!
Que be....la
so....pa!
Que be...la
so...pa!
Soooo... pa
do jantar!
Bela, bela
sopa!
“O coro
novamente!”, gritou o Grifo, e a Falsa Tartaruga estava justamente começando a
repeti-lo quando se ouviu um grito à distância: O julgamento está começando!
“Vamos”,
berrou o Grifo, pegando na mão de Alice e saiu apressado, sem esperar pelo fim
da canção.
“Que
julgamento é esse?”, Alice ofegava enquanto corria. Mas o Grifo apenas
respondeu:
“Venha!” e
correu mais rápido ainda, enquanto cada vez mais longe, trazido pela brisa,
ouvia-se o melancólico estribilho:
Soooo...pa
do jantar!
Bela, bela
sopa!
Alice no País das Maravilhas. Lewis Carroll.
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