Fonte da imagem:https://pixabay.com/pt/peixes-tanque-nata%C3%A7%C3%A3o-decora%C3%A7%C3%A3o-47651/
Certo dia, o
Sr. Peixe chamou os peixinhos Vermelho, Amarelo e Dourado, para alertá-los dos perigos que os cercavam
quando saíam para brincar longe de casa. Falou sobre os
pescadores que lançavam suas redes ao mar, das aves e de
outros animais, entre eles, o gato, que se alimentava de
peixes.
– Todo
peixinho tem direito a brincar, mas fiquem longe das redes e da beira do mar,
pois nesses lugares é que mora o perigo – falou o Sr. Peixe com os olhos marejados
de lágrimas.
Passado
algum tempo, Vermelho pediu permissão aos pais para ir à casa de um amigo para
brincar. Após ajudar a mãe, despediu-se e lá foi todo contente. No caminho, encontrou
alguns amigos e a todos cumprimentou alegremente.
Minutos depois,
sentiu que algo o havia prendido.
Por mais que
se debatesse, não conseguia livrar-se.
Então,
começou a gritar:
– Socorro!
Por favor, alguém me ajude a sair daqui!
No entanto,
ninguém o escutava, porque estava num lugar pouco movimentado.
Angustiado,
começou a chorar.
O pescador,
por sua vez, ao puxar a rede, ficou muito contente ao ver aquele belo peixinho
saltitante e tomou todos os cuidados para não machucá-lo. Ao chegar em casa,
colocou-o num vidro cheio de água.
Vermelho,
assustado, percebeu que havia perdido a liberdade e
que, talvez, nunca mais voltasse a nadar nas profundezas do
oceano. Muito triste, o pranto voltou a rolar.
Naquele
momento, ao se dar conta da fatalidade que havia se abatido sobre ele, procurou
ser forte e manter a calma,
pois de nada adiantaria gritar ou se debater.
Naquele
mesmo dia, Vermelho foi transportado com muito cuidado para outro lugar.
Após rodar
bastante, o homem finalmente parou em frente a uma grande loja. Vermelho estava
receoso, pois não sabia o que iriam fazer com ele.
Ao entrar na
loja, notou que o lugar era amplo e agradável. Lá estavam algumas criaturas
estranhas e muito barulhentas; umas gorjeavam, outras latiam, algumas miavam,
outras comiam cenouras sem parar.
Todas
estavam em grandes gaiolas.
O peixinho
Vermelho pressentiu que ali seria o seu cativeiro.
Tremeu só de pensar.
O
comerciante estava sorridente, orgulhoso da sua nova aquisição, então, colocou
Vermelho junto com outros peixinhos. O local, apesar de pequeno, imitava o "habitat"
do fundo do mar. Todos o olharam com curiosidade, mas logo se tornaram amigos.
Vermelho já
tinha escutado algumas histórias a respeito dos peixinhos que eram capturados
para servirem de atração para os homens. Porém, jamais imaginou que algum dia
estivesse naquela situação.
Apesar de
estar sendo bem tratado, suspirava ao lembrar o tempo em que nadava em cardume,
com os amigos, aprontando algumas das suas peraltices em algum lugar no fundo
do mar.
Certo dia
entrou na loja um casal com três filhos.
Duda, o mais
velho, ficou maravilhado ao observar aquele belo peixinho Vermelho que nadava
de um lado para outro no aquário. Os pais, notando o seu interesse, compraram-no
e deram de presente ao filho.
Chegando ao
novo lar, Vermelho notou uma criatura com cara de bonzinho, igual ao que tinha
lá na loja. De vez em quando, ele se mexia, abria os olhos, espreguiçava-se e
voltava a enrolar-se. Agora, mais despreocupado, o peixinho continuava nadando
de um lado para o outro em seu pequeno cativeiro.
Certo dia,
Vermelho escutou seus novos donos chamarem carinhosamente aquela estranha
criatura de meu "Gatinho". Então, pensou:
– Ah! Então
esse é o famoso Sr. Gato... O perigoso devorador de peixes!
O Gato, por
sua vez, andava impaciente, não via a hora de ficar a sós com o novo morador da
casa. Para não levantar suspeitas, fingia nem notar a sua presença.
Duda estava
muito contente com os seus dois bichos de estimação, uma vez que o gato e o
peixinho viviam em harmonia.
Numa bela
manhã de domingo, após tratar o gato e o peixinho, a
família saiu para passear. Antes, porém, por precaução,
Duda colocou o aquário bem no alto e, brincando,
falou para o Gato cuidar bem do amiguinho.
O Gato balançou
o rabo, fez piruetas, enroscou-se na perna do menino, rindo da sua inocência.
Depois, sentou-se e ali ficou.
Vermelho
estava apreensivo e nadava nervoso de um lado para o outro sem parar. Parecia
pressentir que algo iria acontecer.
O Gato,
muito malandro, fingia nada ver; no entanto, estava se deliciando com o
nervosismo do peixinho. Lá pelas
tantas, o bichano levantou-se, lambeu-se, espreguiçou-se e então resolveu
apavorá-lo ainda mais:
– Peixinho!
Huu, huu! Agora que estamos a sós, prepara-te que vou te pegar!
O peixinho,
apesar de corajoso, estava preocupado, pensando numa maneira de defender-se,
caso o temível inimigo
resolvesse atacá-lo.
O peixinho Vermelho
estava tenso. As coisas estavam ficando muito difíceis, e ele sabia que logo ficariam
bem piores. O peixinho, de vermelho, estava quase branco de tanto pavor, mas
seria bravo, morreria lutando, pensou.
O peixinho
Vermelho estava parado num canto do aquário e lá pelas tantas, disse:
– Por favor,
Sr. Gato, comporte-se, não me faça nenhum mal, hein! Pense no que disse o nosso
dono. Ele confia tanto no senhor, até pediu para que cuidasse de mim, lembra?
O Gato
levantou-se, arqueou-se, lambeu os beiços de forma assustadora. Em seguida,
derrubando alguns objetos, subiu na estante e, num piscar de olhos, estava em
cima da geladeira, ao lado do aquário.
Depois, numa
rapidez própria dos felinos, enfiou uma das patas dentro do aquário. Vermelho,
ligeiro como uma flecha, num
ato de bravura, deu uma mordida na sua pata, quase lhe tirando um pedaço. O
bichano, assustado, recuou.
O Gato,
surpreso, logo percebeu a agilidade do seu adversário. Por alguns instantes,
ficou imóvel, observando o pula-pula do peixinho tentando se salvar.
Em seguida,
começou o combate. Vermelho defendia-se dando pulos no ar, parecia um acrobata.
O Gato reconheceu a sua valentia e o admirou por isso. Era um pula pra cá,
outro pula pra lá, e o peixinho sempre conseguia escorregar das garras do seu
perseguidor.
Muito senhor
de si, o gato respondeu:
– Escuta
aqui, peixinho otário: se eu fosse honesto, não teria a fama que tenho. Além do
mais, não adianta bancar o espertinho, nem tentar me convencer, porque eu vou
te pegar, sim! E, quando o meu dono chegar, miarei suavemente, me enroscarei na
sua perna, lançarei um doce olhar, e tudo estará resolvido.
Passado o
susto, o Gato voltou a colocar a pata dentro do aquário e, sem querer, plaft!
Derrubou o aquário no chão. O bichano quase morreu de susto!
Quando o
Gato estava quase conseguindo vencer o peixinho, chegaram Duda e a família.
Todos levaram o maior susto ao ver a bagunça. Tinha água e caco de vidro para
tudo quanto era lado.
Duda ficou
muito desapontado com o comportamento do gato
maroto. Pegou-o pelas patas, levando-o por alguns instantes para fora de casa.
Enquanto
isso, o peixinho Vermelho agonizava. Em tempo chegou o socorro
e logo foi posto num pequenino aquário.
Duda,
chocado com o ocorrido e preocupado com a segurança do peixinho, pediu para o
pai devolvê-lo ao mar.
Vermelho ficou muito emocionado ao
avistar o imenso mar azul que o esperava. Ao ser posto dentro d'água, sem
demora desapareceu, indo reencontrar a sua família e todos os seus amigos.
No lugar onde morava, era só alegria.
Os peixes deram uma grande festa para comemorar a sua volta.
Vermelho foi
recebido como herói. A sua odisseia teve grande repercussão em todo o oceano.
Até o rei dos mares o recebeu em solene audiência.
Em seus
poucos momentos de solidão, o peixinho Vermelho relembrava a grande aventura
que viveu na terra no meio daquelas criaturas muito estranhas...
Autora: Lenira
Almeida Heck.
Domínio
Público.
Atividade:
Desenhe o peixinho vermelho dentro do aquário.
Fonte da imagem:https://pixabay.com/pt/aqu%C3%A1rio-fishbowl-peixinho-vidro-152181/
Pinte os peixinhos de acordo com as cores da historinha.
Fonte da imagem:http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=36934&picture=peixe-esboca
3 comentários:
Ah, que linda história de amor de uma criança pelo seu bichinho de estimação.
Final feliz para o peixinho e mostra que o gatinho não fora castigado.
Gostei.
Abraços Jeanne.
Bjs de paz.
Gosto da dedicação que você dispensa às crianças. Raridade!
Bjs.
Eu gosto de ler essas historinhas, pois sempre me remete ao passado e a coisas boas, como se a inocência não tivesse acabado, ou pelo menos diminuído drasticamente
Parabéns pelo seu blog, deu saudades dos tempo de infância
Beijos
Rafael
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