sábado, 31 de dezembro de 2016

A abelha abelhuda.

Aquela era uma colmeia comum. Tinha uma rainha, tinha alguns zangões. E tinha muitas, muitas abelhas. Todos trabalhavam juntos para manter a colmeia funcionando. Cada um tinha uma função, e, juntos,transformavam o pólen das flores em mel. Era uma colmeia bastante produtiva – a rainha era rigorosa e todos tinham que cumprir suas funções corretamente. As abelhas, ali, viviam em harmonia. Exceto uma, uma única abelha, que destoava do todo. Era a abelha abelhuda.
A abelha abelhuda era uma ótima funcionária da colmeia: colhia o pólen como poucos. Todos a conheciam e respeitavam seu trabalho. O problema dela não era ser preguiçosa, nem ser relaxada ou negligente. O problema dela era querer ficar abelhando a vida dos outros.
Chamava-se Sol, a abelha abelhuda. E era abelhuda desde sempre: ainda pequena, queria saber da vida dos outros. Agora, já adulta, queria porque queria saber tudo de tudo da vida de todo mundo. Isto, por si só, já era considerado chato pelas outras abelhas. Mas o pior era que ela tirava conclusões precipitadas, e acabava metendo os outros em confusão...
Uma vez, viu a Dora sair mais cedo da colmeia para polinizar as flores. Pronto. Já saiu dizendo que a Dora estava pensando em mudar de colmeia, e por isso estava pesquisando qual a melhor opção. Outra vez, aconteceu com o Luti. Foi vê-lo batendo um papinho com a Marli e já saiu dizendo a quem quisesse ouvir:' você soube? Luti e Marli estão de namoro!' E por aí ia.
As outras abelhas, com o tempo, começaram a ficar muito chateadas com esta situação. Sol fazia fofoca o tempo todo, falava de todo mundo em tempo integral. Imaginava coisas que não tinham acontecido, e sempre falava como se fosse a maior das verdades.
Chegou um ponto em que as outras abelhas da colmeia resolveram que não poderiam mais confiar em Sol. E pararam de falar com ela, simples assim! Ela, que sempre estivera cercada de amigos, de repente encontrava-se sozinha.
Para a sorte de Sol, ela tinha uma sobrinha que era muito espertinha, a Mell. E a Mell ficou com pena de ver sua tia tão isolada. Resolveu, então, chamá-la para uma conversa.



- Tia Sol, o que está acontecendo com você?
- Nada, Mell. Por que?
- Porque você anda sozinha demais.
- Eu sei, tenho andado tão ocupada que mal tenho tido tempo para os meus amigos.
Daí, a astuta menininha falou algo que nenhuma outra abelha tinha tido coragem de dizer à Sol.
- Eu sei, tia. Você anda muito ocupada falando da vida dos outros! Tão ocupada que não percebeu que todos se afastaram de você. Por que você faz isso? 
A tia levou um susto com a honestidade da sobrinha. Nunca tinha cogitado magoar alguém, agira sem pensar. Sua sobrinha, que era de uma sinceridade cortante, concluiu dizendo:
-Eu acho que você deveria se concentrar mais na sua vida do que ficar tentando saber do que se passa na dos outros. E entender que, quando te contam um segredo, é porque confiam em você.
Sol quase caiu para trás ao ouvir isto! Não conseguia se lembrar da última vez em que alguma das outras abelhas lhe contara um segredo. Então não confiavam mais nela? Sol conversou muito com sua sobrinha, que apesar de nova era danadinha e sabia das coisas. Mel deu uma porção de bons conselhos para a tia.

E sabem o que aconteceu? Sol parou de se preocupar com a vida alheia! Se lhe contam um segredo, guarda a sete chaves. Não fica mais abelhuda na vida dos outros, e só fala algo se lhe pedem opinião.
Sol voltou a ser uma abelha muito querida na colmeia, e desde então ensina esta lição: 'se lhe contam um segredo, guardá-lo é sua obrigação.' E todas as abelhinhas são muito felizes naquela colmeia, em que todos são honestos e sinceros uns com os outros.

Fonte:http://umahistorinhapordia.blogspot.com.br/2011/05/abelha-abelhuda.html 

Retirado do Site: https://linguagemeafins.blogspot.com.br/2012/11/a-arvore-de-betoestimulos-natalinos-e.html


Atividades:








Fonte: http://www.portalescolar.net/2011/09/abelhas-50-atividades-e-desenhos-03-de.html

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Maria Pamonha.

Lenda latino-americana.

Certo dia apareceu na porta da casa grande da fazenda uma menina suja e faminta. Nesse dia, deram-lhe de comer e de beber. E no dia seguinte também. E no outro, e no outro, e assim sucessivamente.
Sem que as pessoas da casa se dessem conta, a menina foi ficando, ficando, sempre calada e de canto em canto.
Uma tarde, os garotos da fazenda perguntaram-lhe como se chamava e ela respondeu com um fiozinho de voz:
— Maria.
E os garotos, às gargalhadas, fecharam-na numa roda e começaram a debochar dela:
— Maria, Maria Pamonha, Maria, Maria Pamonha…
Uma noite de lua cheia, o filho da patroa estava se arrumando para ir a um baile, quando Maria Pamonha apareceu no seu quarto:
— Me leva no baile? — pediu-lhe.
O jovem ficou duro de espanto.
— Quem você pensa que é para ir dançar comigo? — gritou. — Ponha-se no seu lugar! Ou quer levar uma cintada?
Quando o rapaz saiu para o baile, Maria Pamonha foi até o poço que havia no mato, banhou-se e perfumou-se com capim-cheiroso e alfazema. Voltou para casa, pôs um lindo vestido da filha da patroa e prendeu os cabelos.
Quando a jovem apareceu no baile, todos ficaram deslumbrados com a beleza da desconhecida. Os homens brigavam para dançar com ela, e o filho da patroa não tirava os olhos de cima da moça.
— De onde é você? — perguntou-lhe, por fim.
— Ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da Cidade de Cintada — respondeu a garota. Mas o rapaz a olhava tão embasbacado que não percebeu nada.
Quando voltou para casa, o jovem não parava de falar para a mãe da beleza daquela garota desconhecida que ele vira no baile. Nos dias que se seguiram,
procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados vizinhos, mas não conseguiu encontrá-la. E ficou muito triste.
Uma noite lua, dez dias depois, o jovem foi convidado para outro baile. Como da primeira vez, Maria Pamonha apareceu no seu quarto e disse-lhe com sua vozinha:
— Me leva no baile?
E o jovem voltou a gritar-lhe:
— Quem você pensa que é, para ir dançar comigo? Ponha-se no seu lugar!
Ou quer levar uma espetada?
Logo que o jovem saiu, Maria Pamonha correu para o poço, banhou-se, perfumou-se, pôs outro vestido da filha da patroa e prendeu os cabelos.
De novo, no baile, todos se deslumbraram com a beleza da jovem desconhecida.
O filho da patroa aproximou-se dela, suspirando, e perguntou-lhe:
— Diga-me uma coisa, de onde é você?
— Ah, ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da Cidade de Espetada — respondeu a jovem. Mas ele nem se deu conta do que ela estava querendo lhe dizer, de tão apaixonado que estava.
Ao voltar para casa, não se cansava de elogiar a desconhecida do baile.
Nos dias que se seguiram, procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados vizinhos, mas não conseguiu encontrá-la. E ficou mais triste ainda.
Uma noite de lua crescente, dez dias depois, o rapaz foi convidado para outro baile. Pela terceira vez, Maria Pamonha apareceu em seu quarto e disse-lhe com aquele fiozinho de voz:
— Me leva no baile?
E pela terceira vez ele gritou:
— Quem você pensa que é para ir dançar comigo? Ponha-se no seu lugar!
Ou quer levar uma sapatada?
Outra vez, Maria Pamonha vestiu-se maravilhosamente e apareceu no baile. E outra vez todos ficaram deslumbrados com sua beleza.
O jovem dançou com ela, murmurando-lhe palavras de amor e deu-lhe de presente um anel. Pela terceira vez, ele lhe perguntou:
— Diga-me uma coisa, de onde é você?
— Ah, ah, ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da Cidade de Sapatada.
Mas como o rapaz estava quase louco de paixão, nem se deu conta do que queriam dizer aquelas palavras.
Ao voltar para casa, ele acordou todo mundo para contar como era bela a jovem desconhecida. No dia seguinte, procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados vizinhos, sem conseguir encontrá-la.
Tão triste ele ficou que caiu doente. Não havia remédio que o curasse, nem reza que o fizesse recobrar as forças. Triste, triste, já estava a ponto de morrer.
Então Maria Pamonha pediu à patroa que a deixasse fazer um mingau para o doente. A patroa ficou furiosa.
— Então você acha que meu filho vai querer que você faça o mingau, menina?
Ele só gosta do mingau feito por sua mãe.
Mas Maria Pamonha ficou atrás da patroa e tanto insistiu que ela, cansada, acabou deixando.
Maria Pamonha preparou o mingau e, sem que ninguém visse, colocou o anel dentro dele.
Enquanto tomava o mingau, o jovem suspirava:
— Que delícia de mingau, mãe!
De repente, ao encontrar o anel, perguntou surpreso:
— Mãe, quem foi que fez este mingau?
— Foi Maria Pamonha. Mas por que você está me perguntando isso?
E antes mesmo que o jovem pudesse responder, Maria Pamonha apareceu no quarto, com um lindo vestido, limpa, perfumada e com os cabelos presos.

E o rapaz sarou na hora. E casou-se com ela. E foram muito felizes.

Moral da história: 

não julgar pelas aparências, uma pessoa mal vestida pode ser linda, como uma pessoa quieta pode ser muito inteligente e educada. Citar outros exemplos e pedir exemplos.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

“O Verdadeiro Sentido do Natal” Atividades e reflexões para crianças.

“O Verdadeiro Sentido do Natal”

O que significa Natal?
Significa Nascimento.
Desenho de bebê.



Quem é o aniversariante tão ilustre?
J E S U S!
Desenho de Jesus.


Como é comemorado pela maioria das pessoas?
Desenho de árvore de natal, presentes, Papai Noel e comida.

E como todos nós deveríamos comemorar?
Com Jesus nascendo em nossos corações todos os dias.
Desenhos de 07 corações, cada um com o nome de um dia da semana.

De que forma?
Praticando os principais ensinamentos transmitidos por Jesus: “Amar ao próximo como a ti mesmo” e “Fazer ao outros, o que gostaríamos que nos fizessem”.
Desenhos de situações amorosas, solidariedade, caridade.

Deus, em sua bondade e misericórdia, nos enviou Jesus para nascer em nossos corações, fazendo reinar a Paz, o Amor e a Solidariedade.
Desenhos de situações de paz, amor e solidariedade.

Que o Natal seja percebido, seja vivido por nós a cada mês do ano!!
F E L I Z     N A T A L!!!
Desenho de Jesus nos abençoando.


P A R A     R E F L E T I R:

 Pois, que temos nós ofertado ao Divino Amigo?

 Será que o fazemos sorrir? Ou chorar?

 Nossas mãos estão vazias porque nos despojamos de egoísmo e somos mais fraternos, mais dados à compaixão, mais caridosos material e moralmente, ou por que nada nos comove?

 Temos hoje nova visão do Natal, ou permanecemos nas velhas ilusões do desperdício, da matança dos animais, das bebedeiras, da alegria exterior?

Compartilhamos com o próximo, de qualquer condição social, o júbilo íntimo, os bens e os talentos?

 No nosso Natal, o Cristo está presente?

 Que temos feito de nossos talentos e de nossas vidas?

 Como será, quem sabe, nossa prestação de contas?

 Temos buscado nos tornar dignos de tantas bênçãos?


 Que tal incluirmos nos projetos para o Natal e Ano Novo – para todos os Natais e Anos Novos que virão – espaço para as lições que Ele nos trouxe há mais de dois mil anos?

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

O Aniversariante.

Imagem: google

Aquela família se reunia na véspera de Natal, na entrada da noite.
Assim procedia porque, em seguida, os filhos e netos compartilhariam com os outros avós, a ceia natalina.
Nada mais do que um acordo amigável.
A família contava com quatro pequeninos muito espertos, que não deixavam as guloseimas do Natal esperando.
O ponto alto era o bolo, feito pelas mãos da avó, com várias camadas e muito bem decorado.
Ela o trazia para a sala, colocava-o sobre a mesa e falava do significado daquela noite. Uma noite de festa. Uma noite para comemorar um Aniversário muito importante.
O Aniversário de Alguém especial.
Entre a emoção e o entusiasmo, a avó narrava como se dera o nascimento do Aniversariante, alguns detalhes da Sua vida e Seus ensinamentos.
Chegava, enfim, o momento de todos cantarem Parabéns a você.
Era uma alegria imensa para as crianças. Cada qual fazia uma declaração ou uma homenagem, agradecendo a doce presença de Jesus e o que Ele representava em suas vidas.
Os maiores declamavam poesias que falavam do Natal e do amor do Mestre.
Como o Aniversariante era Jesus, para Ele eram direcionadas as homenagens. E o grande presente de amor e gratidão.
Mais tarde, na casa dos outros avós, os pequenos teciam comentários sobre a comemoração.
O assunto tomava corpo, e uma atividade era programada para o dia seguinte: levar os bolos e doces para um lar de crianças do bairro, em nome de Jesus.
Aproveitar para falar sobre o grande amor de Jesus por todos os Seus irmãos.
Entusiasmados, os pequenos acrescentavam algo de realmente seu e selecionavam alguns brinquedos para oferecer àquelas crianças.
Assim agindo, aquela família ensinava, desde cedo, aos pequeninos, o verdadeiro sentido do Natal. E como ofertar ao nobre Aniversariante o melhor presente: o amor espalhado entre todos.
*  *  *
Reconhecer o verdadeiro sentido e valor do Natal é obrigação de todos os que nos afirmamos cristãos.
Natal é uma festa eminentemente cristã, por ser dedicada ao Cristo Jesus.
Muito oportuno seria estimularmos em nosso lar, a autêntica comemoração cristã, que fala de fraternidade, de encontro da família.
Uma noite para estarmos juntos, cearmos, rirmos, trocarmos presentes, se desejarmos, sem esquecer a figura principal, o Aniversariante.
Ideal seria se, a cada ano, nos esmerássemos em criar formas sempre renovadas de prestar homenagem ao Mestre.
Há tanto que pode ser feito: visitar os que se encontram hospitalizados ou um idoso que sabemos vive só.
Podemos levar brinquedos para crianças em carência material e ofertá-los, sejam em pacotes vistosos, com laços de fita chamativos ou não, representando o nosso carinho, que é, sem dúvida, o maior presente.
Um abraço, um aconchego, um afago. Tudo em nome de quem aniversaria nesse dia e que espera que a Sua mensagem de amor e de paz se espalhe por toda a Terra.
Excelente dia para iniciar essa prática. Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 15.12.2016.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Poema do Menino Jesus - Alberto Caeiro

Imagem google.
Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu tudo era falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque nem era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E que nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão 
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar para o chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que ele as criou, do que duvido." -
"Ele diz por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres."
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.


Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre.
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos dos muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?

                          Alberto Caeiro

Atividades:

Crie uma história sua com Jesus menino, pode ser inspirada na poesia mas mude a história. 

Colorir:

Depois de colorir, colar em cartolina e dobrar a parte inferior para trás para ficar em pé. 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

É NATAL! Que ofertamos ao Aniversariante?

Imagem: google


Geraldo José de Sousa 
         No livro “Os mais belos contos de Natal”1, com o título de O Quarto Rei Mago, há um deles, belíssimo, escrito por Joannes Joergensen, no qual atribui a uma lenda o fato de que Jesus não sorriu, ao receber as oferendas dos Reis Magos (Gaspar, Melquior e Baltasar), que se constituíam de ouro, incenso e mirra.

         Mas o autor se refere à existência de um quarto rei, originário da Pérsia, que chegou atrasado... e de mãos vazias. Ao narrar por que chegara de mãos vazias, fez o pequeno Jesus se voltar para ele, estender-lhe suas mãozinhas e sorrir-lhe.

         Em seu relato afirma que, ao partir de seu amado país, trazia-Lhe precioso tesouro: três pérolas brancas, cada uma semelhante a um ovo de pomba, retiradas do Mar da Pérsia.

         Contudo, a primeira delas ofertou ao hospedeiro de uma estalagem, a fim de que buscasse um médico para um velho que tremia de febre, estendido num banco, próximo à lareira. Era magro e pobre, e muito parecido com seu próprio pai... Certamente seria enxotado no dia seguinte, se não morresse até lá. Que cuidasse dele e, se fosse o caso, desse-lhe sepultura digna.

         No dia seguinte, em viagem, ouviu gritos vindos de um bosque. Verificou que se tratava de soldados que iam violentar jovem mulher.

         Com a segunda pérola comprou sua liberdade. Ela beijou as mãos do rei e fugiu célere para as montanhas.

         Restava-lhe uma pérola e, ao menos esta, pensava consigo, seria entregue ao pequeno Rei, nascido no Ocidente.

         Seguindo em frente, aproximou-se de uma pequena cidade em chamas. Eram os soldados de Herodes, a executar-lhe as ordens de matar as crianças de dois anos para baixo.

         Um deles mantinha, dependurado por uma perna, pequeno menino que se debatia e gritava. Ameaçava jogá-lo ao fogo. Sua mãe gritava desesperadamente.

         Com a terceira pérola resgatou a criança, devolvendo-a a mãe, que a enlaçou em seus braços, fugindo, sem ao menos agradecer-lhe, tamanha era sua angústia.

         Por isso, chegara de mãos vazias... e lhe pedia perdão.
*

         Aquele rei trazia, sim, as mãos vazias, mas o coração, esse, estava pleno de amor.

         A compaixão que o moveu, nas três circunstâncias, foi o melhor presente que, afinal, ofereceu ao meigo Jesus, ainda infante. Na sua conduta, demonstrou que se harmonizava com os futuros ensinos de Jesus em seu Evangelho.

         Nele, a vivência era visível e já se tornara uma segunda natureza. Já possuía o salutar hábito da bondade, em todas as ações.

         O Espiritismo, o Consolador prometido por Jesus, tem como objetivo primordial restabelecer, na Terra, o Cristianismo primitivo, sem os atavios e distorções que lhe acrescentamos, os homens que o não assimilamos, que o não compreendemos.

         Em Jesus temos “o conquistador diferente”, no dizer do Irmão X2: “Jamais humilhou e feriu (...) recebeu sem revolta, ironias e bofetadas (...)”. Assim ainda o temos tratado.

          Pois, que temos nós ofertado ao Divino Amigo?

          Que temos feito de nossas vidas?

          Será que o fazemos sorrir? Ou chorar?

          Nossas mãos estão vazias porque nos despojamos de egoísmo e somos mais fraternos, mais dados à compaixão, mais caridosos material e moralmente, ou por que nada nos comove?

          Temos hoje nova visão do Natal, ou permanecemos nas velhas ilusões do desperdício, da matança dos animais, das bebedeiras, da alegria exterior?

          Compartilhamos com o próximo, de qualquer condição social, o júbilo íntimo, os bens e os talentos?

          No nosso Natal, o Cristo está presente?


         Jesus veio ao mundo, no dizer de Isaías (61:!) “(...) para anunciar a Boa Nova aos pobres. (...) para proclamar a libertação dos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos (...)”3.

         Somos cativos, sim, da ignorância e de seus efeitos. Dos vícios e do comodismo.

         Por ignorarmos a Lei, que Jesus resumiu no Amor a Deus e ao Próximo, é que nos mantemos escravos dos compromissos cármicos. Sofremos as reações más de ações também más. Para sairmos desse círculo vicioso de reencarnações dolorosas, indispensável aviar (executar), a receita que o Mestre nos trouxe no Evangelho do Reino.

         Nossa evangelização é um processo. Não se acaba. Não se esgota na prática de uma ou outra ação generosa. Não deve se restringir à caridade material de fins de semana ou à frequência desatenta aos cultos periódicos de quaisquer seitas.

         Para se tornar efetiva e transformadora, conscientizemo-nos de que é de todos os momentos e lugares, não se limitando a ocasiões determinadas.

         É claro que o Natal é motivo para nos rejubilarmos. Jesus veio para nos libertar. Mas nossa libertação depende de nossa adesão aos ensinos contidos na Boa Nova do Reino. O mensageiro celeste, ao se dirigir aos pastores, na noite de Seu nascimento, deixa bem claro: “Não temais; eis aqui vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” (Lucas 2,10-11)

         Natal e fim de ano são momentos propícios à reflexão, ao balanço do uso do tempo que passou, à idealização de projetos novos para o ano que recomeça.

          Que temos feito de nossos talentos e de nossas vidas?

          Como será, quem sabe, nossa prestação de contas?


         “(...) o dia do Senhor vem como ladrão de noite (...)”. (Paulo 1 Ts, 5-2)

          Temos buscado nos tornar dignos de tantas bênçãos?

         Se nossas ações levarem alegria ao Divino Amigo, também nós seremos felizes.

          Que tal incluirmos nos projetos para o Natal e Ano Novo – para todos os Natais e Anos Novos que virão – espaço para as lições que Ele nos trouxe há dois mil anos?

         Projetar e REALIZAR, pois que “ (...) a fé sem as obras é inoperante.” (Tiago 2, 20).

Fonte: http://www.searadomestre.com.br/evangelizacao/natalsubs.htm 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O Quarto Rei Mago.

Vocês sabem a história dos três Reis Magos que viajaram do Oriente para Belém para adorar a Jesus e Lhe ofertar as dádivas de ouro, incenso e mirra?
Vou-lhes contar a história do quarto Rei Mago que também viu a estrela e resolveu segui-la e do seu grande desejo de adorar o Rei Menino e Lhe oferecer as suas prendas. Ele morava nas montanhas da Pérsia e o seu nome era Artaban. Era alto, moreno, de olhos bem escuros: a fisionomia de um sonhador, a mente de um sábio. Um homem de coração manso e espírito indominável.
Era um homem de posses. A sua moradia era rodeada de jardins bem tratados com árvores de frutas e flores exóticas. Suas vestes eram de seda fina e o seu manto da mais pura lã. Era seguidor de Zoroastro e numa noite se reuniu em conselho com nove membros da mesma seita. Eram todos sábios!
Artaban lhes falou sobre a nova estrela que vira e o seu desejo de segui-la. Disse-lhes: "- Como seguidores de Zoroastro aprendemos que os homens vão ver nos céus, em tempo apontado pelo Eterno, a luz de uma nova estrela e nesse dia, nascerá um grande profeta e Ele dará aos homens a vida eterna, incorruptível e imortal, e os mortos viverão outra vez! Ele será o Messias, o Rei de Israel." E continuou:
"- Os meus três amigos Gaspar, Melchior, Baltazar e eu, vimos a grande luz brilhante de uma nova estrela há vários dias e vamos sair juntos para Jerusalém para ver e adorar o Prometido, o Rei de Israel. Vendi a minha casa e tudo o que possuo e comprei estas joias: uma safira, um rubi e uma pérola para oferecer como tributo ao Rei. Convido-os para virem comigo nesta peregrinação para juntos adorarmos o Rei!"
Mas um véu de dúvida cobriu as faces de seus amigos: "- Artaban! Isso é um sonho em vão. Nenhum rei vai nascer de Israel! Quem acredita nisso é um sonhador!" E um a um, todos o deixaram. "- Adeus amigo!"
Artaban pesquisando os céus viu de novo a estrela. "- É o sinal!" Disse ele. "- O Rei vai chegar e eu vou encontrá-Lo."
Artaban preparou o seu melhor cavalo, chamado Vasda, e de madrugada saiu ás pressas, pois, para encontrar no dia marcado com Gaspar, Melchior e Baltazar, que já estavam a caminho, ele precisava cavalgar noite e dia. Já estava escurecendo e ainda faltavam mais ou menos três horas de viagem para chegar ao sítio de encontro e ele precisava estar lá antes de meia noite ou os três Magos não poderiam demorar mais à sua espera!
"- Mas, o que é isto?" Na estrada, perto de umas palmeiras, o seu cavalo Vasda, pressentindo alguma coisa desconhecida, parou resfolegando, junto a um objeto escuro perto da última palmeira.
Artaban desmontou. A luz das estrelas revelou a forma de um homem caído na estrada. Um pobre hebreu entre os muitos que moravam por perto. A sua pele estava seca e amarela e o frio da morte já o envolvia. Artaban depois de examiná-lo deu-o por morto e voltou-se com um coração triste, pois nada podia fazer pelo pobre homem.
"- Mas o que foi isto?" Um suspiro fraco, e a mão óssea do hebreu fechou-se consultivamente no manto do sábio! Artaban, surpreso, sentiu-se frustrado! "- Que devo fazer? Se me demorar, os meus amigos procederão sem mim. Preciso seguir a estrela! Não posso perder a oportunidade de ver o Príncipe da Paz só para parar e dar um pouco de água a um pobre hebreu nas garras da morte!"
"- Deus da Verdade e da Pureza dirige-me no teu caminho santo, o caminho da sabedoria que só Tu conheces!" E Artaban carregou o hebreu para a sombra de uma palmeira e tratou-o por muitos dias até que ele se recuperou.
"- Quem és tu?" perguntou ele ao Mago.
"- Sou Artaban e vou a Jerusalém à procura Daquele que vai nascer: O Príncipe da Paz e Salvador de todos os homens. Não posso me demorar mais, mas aqui está o restante do que tenho: pão, vinho, e ervas curativas." O hebreu erguendo as mãos aos céus lhe disse: "- Que o Deus de Abraão, Isaac e Jacó o abençoe; nada tenho para lhe pagar, mas ouça-me: Os nossos profetas dizem que o Messias deve nascer, não em Jerusalém, mas em Belém de Judá."
Assim, já era muito mais de meia-noite e vários dias mais tarde quando Artaban montou de novo o seu cavalo Vasda e num galope rápido prosseguiu ao encontro de seus amigos.
Aos primeiros raios do sol, checou ao lugar do encontro. Mas... Onde estavam os três Magos? Artaban desmontou e ansioso, estudou todo o horizonte. Nem sinal da caravana de camelos dos seus amigos! Então entre uma pilha de pedras achou um pergaminho e a mensagem: "- Não pudemos esperar mais, vamos ao encontro do Rei de Israel. Siga-nos através do deserto."
Artaban sentou-se e cobriu a cabeça em desespero! "- Como posso atravessar o deserto sem ter o que comer e com um cavalo cansado? Tenho mesmo que regressar à Babilônia, vender a minha safira e comprar camelos e provisões para a viagem. Só Deus, o misericordioso, sabe se vou encontrar o Rei de Israel ou não, porque me demorei tanto ao mostrar caridade."
Artaban continuou a via pelo deserto e finalmente chegou a Belém, levando o seu rubi e a sua pérola para oferecer ao Rei. Mas as ruas da pequena vila pareciam desertas. Pela porta aberta de uma casinha pobre, Artaban ouviu a voz de uma mulher cantando suavemente. Entrou e encontrou uma jovem mãe acalentando o seu bebê.
Três dias passados ela lhe falou sobre os três Magos que estiveram na vila a que disseram terem sido guiados por uma estrela ao lugar onde José de Nazaré, sua esposa Maria, e o seu bebê Jesus estavam hospedados. Eles trouxeram prendas de ouro, incenso e mirra para o menino. Depois, desapareceram tão rapidamente quanto apareceram. E a família de Nazaré também saiu à noite, em segredo, talvez para o Egito.
O bebê nos seus braços olhou para o rosto de Artaban e sorriu estendendo os bracinhos para ele. "Não poderia essa criança, ser o Príncipe Prometido? Mas não! Aquele que procuro já não está aqui e eu preciso encontrá-lo no Egito!"
A Jovem mãe colocou o bebê no berço e preparou um almoço para o estranho hóspede que veio à sua casa. Subitamente, ouviu-se uma grande comoção nas ruas: gritos de dor, o chorar de mulheres, tocar de trombetas e o clamor: "- Soldados! os soldados de Herodes estão matando as nossas crianças!"
A jovem mãe, branca de terror escondeu-se no canto mais escuro da casa, cobrindo o filho com o seu manto para que ele não acordasse e chorasse.
Mas Artaban colocou-se em frente à porta da casa impedindo a entrada dos soldados. Um capitão aproximou-se para afastá-lo. A face de Artaban estava calma como se estivesse observando as estrelas. Fitou o soldado um instante e lhe disse: "- Estou sozinho aqui, esperando para dar esta joia ao prudente capitão que vai me deixar em paz." E mostrou o rubi brilhando na palma da sua mão como uma grande gota de sangue.
Os olhos do capitão brilharam com o desejo de possuir tal joia! "- Marchem, Avante!" Gritou aos seus soldados. "- Não há criança aqui!" E Artaban olhando os céus orou: "- Deus da Verdade perdoa o meu pecado! Eu disse uma coisa que não era, para salvar uma criança. E duas das minhas dádivas já se foram. Dei aos homens o que havia reservado para Deus. Poderei ainda ser digno de ver a face do Rei?"
E Artaban prosseguiu na sua procura entre as pirâmides do Egito, em Heliopólis, na nova Babilônia às margens do Nilo... Numa humilde casa em Alexandria, Artaban procurou o conselho de um velho rabi que lhe falou das profecias e do sofrimento do Messias prometido e receitado pelos homens. "- E lembre-se, meu filho: o Rei que procuras não o vais encontrar num palácio ou entre os ricos e poderosos. Isto eu sei: os que o procuram devem fazê-lo entre os pobres e os humildes, os que sofrem e são oprimidos."
E Artaban passou por lugares onde a fome era grande. Fez a sua morada em cidades onde os doentes morriam na miséria. Visitou os oprimidos nas prisões subterrâneas, os escravos nos mercados de escravos... Em toda a população de um mundo cheio de angústia ele não achou ninguém para adorar, mas muitos para ajudar! Ele alimentou os que tinham fome, cuidou dos doentes, e confortou os prisioneiros... E os anos passaram... 33 anos. E os cabelos de Artaban já não eram pretos, eram brancos como a neve nas montanhas. Velho, cansado e pronto para morrer, era ainda um peregrino à procura do Rei de Israel e agora em Jerusalém onde havia estado muitas vezes na esperança de achar a família de Belém.
Os filhos de Israel estavam agora na cidade santa para a festa da Páscoa do Senhor e havia uma agitação e excitamento singular. Vendo um grupo de pessoas da sua terra, Artaban lhes perguntou o que se passava e para onde o povo se dirigia.
"- Para o Gólgota!" lhe responderam, "-... pois não ouviste? Dois ladrões vão ser crucificados e com eles, um homem chamado Jesus de Nazaré, que dizem, fez coisas maravilhosas entre o povo. Mas os sacerdotes exigiram a sua morte, porque disse ser o Filho de Deus. Pilatos O condenou a ser crucificado porque disseram ser Ele o Rei dos Judeus."
"Os caminhos de Deus são mais estranhos do que o pensamento dos homens," pensou Artaban. "Agora é o tempo de oferecer a minha pérola para livrar da morte o meu Rei!" Ao seguir a multidão em direção ao portal de Damasco, um grupo de soldados apareceu arrastando uma jovem rapariga com vestes rasgadas e o rosto cheio de terror.
Ao ver o mago, a jovem reconheceu-o como da sua própria terra e libertando se dos guardas atirou-se aos pés de Artaban: "- Tenha piedade!...", ela implorou... E pelo Deus da pureza, me salva! Meu pai era mercador na Pérsia, mas faleceu e agora vão me vender como escrava para pagar seus débitos! Me salva!"
Artaban tremeu. Era o velho conflito da sua alma entre a fé, a esperança e o impulso do amor. Duas vezes as dádivas consagradas foram dadas para a humanidade. E agora? Uma coisa ele sabia: "- Salvar essa jovem indefesa era um gesto de amor. E não é o amor a luz da alma?"
Ele tirou a pérola de junto ao seu coração. Nunca ela pareceu tão luminosa! Colocou-a na mão da rapariga: '- Este é o teu pagamento, o último dos tesouros que guardei para o Rei!"
Enquanto ele falava uma escuridão profunda envolveu a terra que tremeu consultivamente! Casas caíram, os soldados fugiram, mas Artaban e a rapariga protegeram-se de baixo do telhado sobre as muralhas do Pretório.
"- O que tenho a temer," pensou ele,... e para quê viver? “Não há mais esperança de encontrar o Rei, a procura terminou, eu falhei.” Mas mesmo esse pensamento lhe trouxe paz, pois sabia que viveu de dia a dia da melhor maneira que soube. Se tivesse que viver de novo a sua vida não poderia ser de outra maneira.
Mas um tremor de terra e uma telha desprenderam-se do telhado e feriu o velho Mago na cabeça. Repousou no chão e deitou a cabeça nos ombros da jovem com o sangue a escorrer do ferimento.
Ao debruçar-se sobre ele, ela ouviu uma voz suave, como música vinda à distância. Os lábios de Artaban moveram-se como em resposta e ela escutou o que o velho Mago disse na sua própria língua: "- Não meu Senhor! Quando Te vi com fome e te dei de comer? Ou com sede e Te dei de beber? Ou quando Te vi enfermo ou na prisão e fui te ver? Por 33 anos eu Te procurei, mas nunca vi a Tua face, nem Te servi meu Rei!"
E uma voz suave veio, mas desta vez dos céus. A jovem também compreendeu as palavras.
"- Em verdade, em verdade vos digo que quando fizeste a um destes meus irmãos a mim o fizeste!"
Uma alegria radiante iluminou a face calma de Artaban.
Um suspiro longo e aliviado saiu de seus lábios.
A viagem para ele havia terminado.
O quarto Mago, Artaban, compreendeu que havia encontrado o seu Rei durante toda a sua vida!


Uma história de Henry Van Dyke.

Sabe-se que eram três reis magos, portanto essa narrativa pode ser uma lenda, ou uma história do autor citado acima.

Fonte: http://www.searadomestre.com.br/evangelizacao/natalreimago.htm

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

O Leão e o Ratinho.


Esopo

Um leão, cansado de tanto caçar, dormia espichado à sombra de uma boa árvore. Vieram uns ratinhos passear em cima dele e ele acordou.
Todos conseguiram fugir, menos um, que o leão prendeu embaixo da pata. Tanto o ratinho pediu e implorou que o leão desistiu de esmagá-lo e deixou que fosse embora.
Algum tempo depois, o leão ficou preso na rede de uns caçadores. Não conseguia se soltar, e fazia a floresta inteira tremer com seus urros de raiva.
Nisso, apareceu o ratinho. Com seus dentes afiados, roeu as cordas e soltou o leão.

Moral:


Uma boa ação ganha outra.