Autor: Jon
Talber.
Uma
pedagogia doente só é capaz de produzir mais doença...
"Se
vistos com olhos imparciais, na verdade, os problemas são apenas testes de
campo para comprovar nossa acuidade criativa..."
Um castigo
que não é ao mesmo tempo educativo e disciplinador, trata-se de um deformador
do caráter...
Em primeiro
lugar, um comportamento infantil indesejável raramente é espontâneo. Isso quer
dizer que ele não nasceu como parte integrante da criança. Na maioria das vezes
são inspirações herdadas, assimiladas, a partir da própria mesologia, seja no
ambiente doméstico ou de convivência do portador.
Outro ponto
importante são as atitudes dos adultos em relação aos indisciplinados, uma vez
que a reação imediata são os ineficazes gritos, ou os castigos que ao invés de
educarem deseducam. E não são raros os casos onde o pequeno infrator, além de
não se corrigir, se corrompe ainda mais, o que acaba por criar um verdadeiro
círculo vicioso, onde o educador agora se torna co-autor naquele processo de
acentuação da deformidade comportamental da criança problemática.
Por isso
mesmo, saber castigar é preciso. Não basta ter boa intenção, é necessário
conhecer uma técnica, que além de educar seja incapaz de criar traumas e
patrocinar mais problemas. Apenas lembrando que, o castigo deve ter sempre como
objetivo o esclarecimento cognitivo, de modo que a criança se conscientize, de
forma pedagógica e prática, da falha pessoal que deve ser reparada.
Criança não
é burra, apenas imatura. Logo, exceto nos casos onde exista uma demência
confirmada ou tenha idade inferior a três anos, já é capaz de compreender o que
é errado ou certo. Mas irá precisar de um adulto consciente e disposto a
informá-la sobre essas coisas.
Eis a seguir
uma pequena lista de dicas, abordagens educativas, que embora tenham aparência
de castigos, poderão se tornar eficientes práticas cognitivas na formação da
personalidade infantil. O objetivo das orientações é ajudar a corrigir os
comportamentos patológicos, que se desprezados podem evoluir para a delinquência.
Claro que as
dicas poderão ser ampliadas ou adaptadas para cada caso.
Eis a lista.
Se não
quiser que a criança brigue com seu irmão, diga para ela o que você deseja que
faça, ou seja: “Cuide bem do seu irmão.” Para uma criança, o “não pise na
grama” é um convite à prática da infração. Já a expressão: “Pise fora do
gramado”, também funciona como um convite à prática do procedimento correto.
O
tradicional castigo onde o pequeno infrator é colocado sentado em um local do
qual não poderá se ausentar por um período de tempo, este, embora ainda
largamente aplicado, é dos mais ineficazes. Ali não há o sentimento de punição,
e em pouco tempo a criança adquire resistência, e ainda não muda de atitude.
Para que o
castigo seja eficaz é preciso que a criança tenha a certeza de que vai perder
alguma coisa, a exemplo de uma conquista ou privilégio que já possui. O castigo
do cativeiro não representa uma perda de fato, mas apenas a privação temporária
de sua liberdade, que será restaurada tão logo o tempo de reclusão acabe. Por
isso tem um efeito apenas simbólico, mas sem nenhuma eficácia educativa ou
corretiva.
E o único
castigo positivo é o corretivo. E corretivo quer dizer didático, esclarecedor,
que acrescente alguma coisa à cognição da criança; algo útil à sua
personalidade. Não se enquadrando em nenhuma dessas condições, não é positivo.
Lembre-se, o castigo não é uma punição, e sim uma forma inteligente de ensinar
alguma coisa aos que não conseguem assimilar através do aprendizado
tradicional.
Não existe
nenhuma mágica, é um simples fato, uma criança motivada é naturalmente
disciplinada...
E como a
intenção do castigo é forçar a criança a prestar atenção a uma orientação, que
de outro modo ela não o faria, o processo só terá o êxito pretendido se ela
tiver receio de perder algum benefício concreto que já possui, como, por
exemplo, limitação do uso do computador, ou do tempo diante da televisão.
Assim, suspender o uso do equipamento por algumas horas, ou durante um dia
inteiro, é uma boa prática.
Privá-la de
brincar com os amigos, ou de assistir seus vídeos favoritos, e em casos mais
extremos, até de comer sua sobremesa favorita, também tem seu valor. Com
criatividade podemos ampliar a lista de “punições” cognitivas para uma
infinidade de procedimentos, sem causar grandes traumas.
Importante
também é não fazer que aquilo pareça um ato de vingança pessoal, sem motivos.
Devemos ainda ficar atentos para os casos onde, entre irmãos, diante de uma
mesma infração, penas diferenciadas são atribuídas. Nesse caso, o efeito ao
invés de educativo se tornará negativo, e tende a criar revolta e antagonismos dentro
do ambiente doméstico.
Esclarecer,
de forma clara e convincente, sobre os motivos do castigo, e o mais importante,
numa linguagem que a criança seja capaz de compreender, faz parte do processo.
Histórias pessoais ou fábulas edificantes (tem bastante aqui no blog galera) poderão ser usadas como exemplos. Se
coloque no lugar de cobaia, relate episódios de sua vida que possam ser usados
como ilustrações. No exemplo pessoal, não aconselhamos o modelo comparativo,
onde outra criança é usada como referência ou espelho de boa conduta, ou o seu
inverso.
Lembre-se, a
criança problemática já convive com conflitos pessoais sérios, muitos deles
relacionados com a autoestima, e a comparação tende a acentuar ainda mais seu
quadro psicopatológico. Por outro lado, esclarecer sobre as possíveis conseqüências
de um ato negativo, tem grande valor. Mas, nada se compara com os
esclarecimentos sobre os eventuais e benéficos desdobramentos de um ato
positivo.
Outro ponto
importante: não devemos cair na armadilha de confundir com castigo as
obrigações e deveres naturais de cada um, tais como, arrumar a própria cama,
ajudar em pequenas tarefas domésticas, ou acordar cedo para ir à escola. Se
agirmos dessa forma, estaremos ensinando à criança que o ato de trabalhar ou de
cumprir com os deveres necessários e obrigatórios, representam um castigo, uma
espécie de calvário ou martírio.
Finalmente,
não se limite aos conselhos que acaba de aprender;
use sua própria imaginação e criatividade no exercício de sua pauta disciplinadora ou magistério doméstico. Afinal de contas, o centro de convivência caseira ainda é o melhor ambiente para se educar sem traumatizar.
use sua própria imaginação e criatividade no exercício de sua pauta disciplinadora ou magistério doméstico. Afinal de contas, o centro de convivência caseira ainda é o melhor ambiente para se educar sem traumatizar.
Acrescento o indispensável exemplo dos pais, sem os quais nada vai funcionar, pois que as crianças são atentas a tudo.
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