"Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens." Pitagoras
quinta-feira, 7 de julho de 2016
quarta-feira, 6 de julho de 2016
PETER PAN A HISTÓRIA DO MENINO QUE NÃO QUERIA CRESCER. Parte 3.
— "Moro
com os meninos perdidos."
—
"Fiquei na mesma. Quem é essa gentinha? Nunca ouvi falar em meninos
perdidos."
—
"Meninos perdidos são os meninos que caem dos carrinhos nos jardins
públicos quando as amas se distraem a namorar os soldados. Se as mães deles não
conseguem encontrá-los no prazo de quinze dias, eles são remetidos para a Terra
do Nunca, onde quem manda sou eu.”.
— "Que
engraçado!" — exclamou Wendy. — “Terra do Nunca”! Está aí uma terra que eu
não sabia que existisse. As geografias não falam dela. E depois? Que ideia a
sua, de aparecer por cá esta noite?"
— "Eu
costumo vir sempre" — respondeu Peter Pan — "para escutar do lado de
fora da janela as histórias tão lindas que sua mãe conta. Tantas vezes vim que
sou capaz de repetir uma por uma todas as histórias que vocês já ouviram."
— "Mas
como é lá na Terra do Nunca?"
— "Oh,
uma terra linda, Wendy! Temos piratas terríveis num grande lago, temos alcateias
de lobos famintos que percorrem a floresta e temos uma tribo de índios ferozes,
os Peles-Vermelhas, como são chamados. E temos ainda as sereias."
—
"Sereias?" repetiu Wendy batendo palmas. — "Com cauda?"
— "Com
cauda, escamas e tudo. Sereias iguaizinhas a essas que você vê pintadas nos
livros. Uma lindeza, Wendy!"
Wendy não
cabia em si de encantamento ante as maravilhas contadas por Peter Pan: Ele,
porém, alegou que era tarde e tinha de ir-se embora.
— "Os
meninos perdidos já devem estar inquietos com a minha ausência, e ansiosíssimos
por ouvir o fim da história que a Senhora Darling contou hoje. Já sabem a
primeira parte. Eu venho cá, ouço as histórias ali da janela e depois as conto
a eles direitinho."
— "Não
vá ainda!" — pediu Wendy. — "Eu sei mais de cem histórias, cada qual
mais bonita, e se você ficar eu as contarei todas. Fique."
— "Mais
de cem histórias? Oh, que mina!" — exclamou Peter Pan, batendo palmas. —
"Nesse caso o melhor seria ir você comigo para a Terra do Nunca. Poderá
contar todas essas histórias aos meninos perdidos, poderá ainda remendar a
roupa deles, pregar botões e de noite fazê-los dormir — tudo como a Senhora
Darling faz aqui. Oh, Wendy, venha comigo..."
A tentação
era enorme. Visitar um país daqueles, com feras e piratas e índios e sereias, e
ter ainda toda aquela meninada para brincar! Que bom não seria... Mas a menina vacilava.
— "Não
posso, Peter Pan. Mamãe não o consentiria nunca. E, além disso, deve ser muito
longe essa terra."
— "Que
importa que seja longe? Iremos voando, e para quem voa não há distâncias."
—
"Voando? Mas eu não sei voar, Peter Pan! Que ideia..."
— "Eu
ensino, não seja essa a dúvida. Em dois minutos deixo você voando que nem uma
andorinha."
Aquilo era
demais. Era ainda melhor do que ver sereias.
Voar,
voar... Wendy não pôde resistir à tentação: resolveu que iria. Em todo caso,
duvidou um pouco.
— "Já
disse que ensino" — assegurou Peter Pan com firmeza. — "Eu, quando
digo, faço."
— "E
ensina também ao Joãozinho e ao Miguel? Se formos para lá temos de ir
todos."
—
"Ensino, sim, claro que ensino. Está resolvida? Vai mesmo?"
—
"Estou resolvida, vou!" — respondeu Wendy com firmeza — e pulando da
cama foi acordar os irmãozinhos.
João
Napoleão e Miguel sentaram-se na cama esfregando os olhos, e logo que souberam
do caso, deram pulos de contentamento. Gostavam de piratas e sereias ainda mais
que Wendy e, portanto ficaram ainda mais assanhados. Queriam partir
incontinenti.
—
"Isso, não!" — disse Peter Pan. — "Antes de mais nada vocês
precisam tomar umas lições de voo."
— "É
fácil voar?" — indagou Miguel.
— "É
assim" — e Peter Pan deu uma demonstração, esvoaçando pelo quarto como se
fosse uma borboleta.
Vendo a
facilidade, os meninos tentaram fazer o mesmo. Subiram às camas, ergueram os
braços e atiraram-se.
Mas foi só
tombo. Esborracharam-se no tapete.
Peter Pan
riu-se.
— "Não
é assim, meninos. Eu tenho de soprar em vocês um pó mágico que certa fada me deu"
— e dizendo isto sacou do bolso uma caixinha do pó mágico e soprou uma pitada
no nariz de cada um; depois mandou que experimentassem, que subissem às camas,
erguessem os braços e dessem outro pulo para o ar.
Os meninos
experimentaram e com grande assombro viram que estavam leves como plumas e que
podiam equilibrar-se no ar com a maior facilidade.
—
"Estou que nem esses balõezinhos de borracha que mamãe enche de gás"
— disse Miguel. — "Estou sem peso nenhum!" — e voou quase tão bem
como Peter Pan. Por falta de experiência os três voadores deram algumas
cabeçadas no forro, mas alguns minutos depois estavam que nem uma andorinha que
havia ficado presa no quarto dois dias antes.
Vendo-os
nesse ponto, Peter Pan achou que não era preciso mais. Podiam partir.
—
"Muito bem" — disse ele. — “Podemos partir”. Sininho seguirá na
frente, para indicar o caminho. Em segundo lugar vou eu com Wendy. Depois vai
João Napoleão e por último, Miguel. Aprontem-se para partir.
Foi uma
correria. João Napoleão quis levar uma porção de coisas, mas teve que desistir
porque ficaria muito pesado. Miguel correu ao vestíbulo da casa em busca dum
gorro e como não o encontrasse veio com uma cartola do Senhor Darling na
cabeça. Wendy resolveu ir como estava, de camisola mesmo.
—
"Pronto?" — perguntou Peter Pan.
—
"Pronto" — responderam todos.
—
"Então vamos lá. Um, dois e... três!"
Ouviu-se um
prrrrr... E ergueram-se nos ares os quatro meninos, na ordem mareada pelo chefe
e com a bola de fogo voando à frente para indicar o caminho. E lá se foram para
a maravilhosa Terra do Nunca...
Justamente
naquela hora Mrs. Darling estava na sala de jantar contando ao marido a
história da sombra. O Senhor Darling sorria.
— "Impossível
querida. Isso há de ser sonho. É um absurdo."
Nisto soou o
prrrrr... Julgando que fosse alguma coruja que houvesse entrado na nursery, a
Senhora Darling correu para lá. Ao ver a janela aberta e as três camas vazias,
deu um grito e desmaiou.
Neste ponto
Dona Benta interrompeu a história, deixando o resto para o dia seguinte.
Então
galera, vamos ter que esperar outro dia para ver a continuação.
Veja os
capítulos anteriores AQUI
terça-feira, 5 de julho de 2016
O Garoto Pastor e o Lobo. Fábula de Esopo.
Fonte da imagem:http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=164950&picture=lobo
Um Jovem
Pastor de ovelhas, encarregado que fora de tomar conta de um rebanho perto de
um vilarejo, por três ou quatro vezes, fez com que os moradores e donos dos
animais, viessem correndo apavorados ao local do pasto, sempre motivados pelos
seus desesperados gritos: "Lobo! Lobo!"
E quando
eles se aproximavam do local do pastoreio, imaginando que o jovem estava em
apuros com o Lobo, lá estava ele sempre a zombar do pavor que todos estavam
sentindo.
O Lobo,
entretanto, por fim, de fato se aproximou do rebanho. Então, o jovem pastor,
agora realmente apavorado, tomado pelo terror e aflição, gritava desesperado:
"Por Favor, venham me ajudar; o Lobo está matando todo o rebanho!"
Mas, dessa
vez seus gritos foram em vão, e ninguém mais deu ouvidos aos seus apelos.
Moral da
História:
Ninguém
acredita em um mentiroso, mesmo quando ele fala a verdade...
domingo, 3 de julho de 2016
Convite para o aniversário do blog.
Olá amigos e
amigas que me acompanham aqui no blog. O blog Coisas de Criança! vai comemorar 1
aninho dia 12 de julho.
Imaginado e
gestado por mim com muito carinho desde antes de ser iniciado através de ideias
e pesquisas na internet, coloquei na minha página do face imagens de fetos,
depois um bebê aprendendo a caminhar, enfim, conforme o blog crescia continuava
a comparação com um bebê muito querido e esperado, já que é um blog voltado à
educação integral da criança através da contação de histórias.
Por esse
motivo, espero a ajuda de vocês para a postagem do dia 12.
Não será uma
blogagem coletiva, nem nada que dê muito trabalho, porque sei que ninguém está
com tempo sobrando.
Pensei então
em uma postagem de cada um respondendo:
Se você
entrasse em uma cápsula do tempo e encontrasse você aos 7 anos:
- Onde estaria e fazendo o que?
- O que você diria para você criança? –
só não vale conselho, rsrs.
- Deixar nome, profissão e quem puder a
idade.
Então basicamente
é isso. No máximo 5 linhas que é para que eu possa colocar todas as postagens
de vocês com os links de cada blog.
No dia
colocar o selinho abaixo no blog de vocês com o link do meu fazendo uma breve
referência ao aniversário do blog e escrevendo sua postagem. Gente, não precisa
uma postagem especial, pode ser com outra postagem, não é uma blogagem
coletiva, da mesma forma ninguém precisa divulgar para outros.
Podem ir
mandando suas postagens em dias anteriores como comentário aqui ou no grupo da Liga inbox,
mas se for no grupo me nomeiem, por favor, senão posso não ver. Acho que aqui como comentário é mais prático, só que irei publicar só no dia, até lá fica aguardando moderação.
Combinado?
Conto com o
apoio dos amigos queridos e qualquer dúvida deixem aqui no comentário que
responderei.
sábado, 2 de julho de 2016
PETER PAN A HISTÓRIA DO MENINO QUE NÃO QUERIA CRESCER - parte 2
— E os
meninos? — indagou Narizinho. — Nada viram?
— Os meninos
nada perceberam. Quando a Senhora Darling deu com a sombra na parede, eles já
estavam caindo no sono.
O quarto
ficou mergulhado em silêncio profundo.
Todos
dormiam, e até a chama da lamparina parecia cochilar, de tão quietinha. Mas de
repente essa luz tremeu três vezes e apagou-se.
— Por quê? —
indagou Narizinho.
— Algum
besouro — sugeriu Emília.
— Não —
disse Dona Benta. — É que havia entrado pela janela uma pequena bola de fogo.
— Como havia
entrado pela janela, se a janela estava fechada? — berrou Emília.
— Isso não
sei — disse Dona Benta. — O livro nada conta. Mas como fosse uma bola de fogo
mágica, o caso se torna possível. Para as bolas de fogo mágicas tanto faz uma
janela estar aberta como fechada. Ela acha sempre jeito de entrar. Do contrário
não valia a pena ser bola mágica.
Entrou e
começou a esvoaçar em todas as direções, muito aflitazinha, como quem anda
atrás dalguma coisa.
— Já sei —
interrompeu Narizinho. — Estava procurando a cabeça da sombra.
— Talvez
fosse isso, — concordou Dona Benta — porque depois de várias voltas pelo ar a
bola parou defronte do armário de Wendy e entrou na gaveta pelo buraco da
fechadura.
— E houve um
incêndio, já sei! — gritou Emília. — Bola de fogo em gaveta de armário é
incêndio certo. A cidade de Londres vai ser destruída...
— Credo! —
exclamou tia Nastácia, que estivera cochilando e acordara naquele ponto. — Não
fale assim, Emília, que é mau agouro.
— Não houve
incêndio nenhum — disse Dona Benta. —
Bola de fogo
mágica não pega fogo nas coisas.
— Então que
aconteceu?
— Nada. A
bola ficou na gaveta, e nesse mesmo instante a janela foi erguida pelo lado de
fora. A cabeça dum menino apareceu. Apareceu, espiou de todos os lados e pulou
para dentro do quarto sem fazer o menor barulho.
—
"Sininho, Sininho! Onde está você, Sininho?" — indagou ele em voz
baixa.
— "Tlim,
tlim, tlim", — foi a resposta da bola de fogo lá dentro da gaveta.
O menino
dirigiu-se pé ante pé na direção dos tlins, abriu a gaveta e remexeu-a toda,
até encontrar a cabeça da sombra. Pela cara alegre que fez via-se que era o
dono dela.
— Que
engraçado! — exclamou Emília. — Só agora noto que todos nós temos a nossa
sombra, que é só nossa, mas não de gaze, como a desse menino. É de ar preto.
— E que fez
ele, vovó, depois de achar a sombra? — perguntou a menina.
— Que fez?
Tirou-a da gaveta, desdobrou-a e tratou de emendá-la no resto, porque desde que
a Senhora Darling desceu a janela ele ficou com a sombra sem cabeça — ou decapitada.
Mas isso de emendar sombra não é coisa fácil.
Exige
prática. O menino tentou primeiro grudá-la com cuspe. Não grudou. Lembrou-se de
colá-la com sabão.
Também não
colou. O menino sentiu-se atrapalhado.
— Se fosse
eu — disse Emília — experimentava uma bisnaga de Cola-tudo. O que cola tudo
deve colar sombra também.
— E onde
achar a tal bisnaga de Cola-tudo?
— Todas as
nurserys devem ter uma bisnaga de Cola-tudo para colar os brinquedos. Eu se
fosse a Senhora Darling...
— Está bem,
Emília, mas pare de falar. Não atrapalhe mais. Continue vovó.
Dona Benta
continuou:
— A. cabeça
não colava de jeito nenhum, de modo que o menino foi tomado de grande
desespero. Isso de ter sombra sem cabeça parece ser uma coisa terrível; pelo
menos o era para aquele menino, pois escondeu a cara nas mãos e, pôs-se a
chorar tão alto que Wendy acordou e sentou-se na cama, muito admirada.
— "Por
que está chorando?" — indagou ela.
Em vez de
responder, o menino enxugou depressa os olhos com as costas da mão e fez um
bonito cumprimento com o gorro vermelho. Depois disse:
— "Há
muito tempo que eu ando querendo saber qual é o seu nome."
— "Meu
nome é Wendy Darling" — respondeu a menina.
— "E o
seu?"
—
"Peter Pan."
— "E
onde mora o Senhor Peter Pan?"
— "Moro
na rua das casas, número das portas."
Wendy riu-se
daquela molecagem e puxou prosa.
Conversa
vai, conversa vem, ficou sabendo que Peter Pan era um menino sem pai nem mãe,
que vivia solto pelo mundo e agora estava muito atrapalhado por ter perdido a cabeça
de sua sombra.
— "Não;
gruda nem com sabão" — disse ele fazendo bico.
—
"Bobo!" — exclamou Wendy rindo-se. — “Com sabão está claro que não
gruda”. Sabão só gruda nota velha.
Sombra tem
que ser costurada com retrós, quer ver?”— e sem esperar pela resposta saltou da
cama, foi à sua mesinha de costura e trouxe de lá uma agulha já enfiada”.
Ajeitou a
cabeça da sombra no resto da sombra e num instante alinhavou-a com retrós
preto. Ficou que ninguém percebia a emenda.
—
"Pronto! Vê como está bem agora?"
Peter Pan
pulou de contentamento. Deu várias voltas pela nursery, num verdadeiro namoro
com a sua sombra consertada.
— "Eu
sou mesmo um danadinho!" — exclamou por fim, todo cheio de si.
Tamanha
gabolice espantou Wendy. Ela havia consertado a sombra e o prosa chamava para
si as honras!
Já se viu
uma coisa assim?
—
"Danado, você?" — disse a menina com ironia. — "Se fui eu quem
costurou a sombra, como o danado pode ser você?"
—
"Sim" — disse o menino; — "você ajudou um pouco, não nego."
—
"Ajudou!..." — repetiu Wendy imitando-lhe o tom de voz. — "Pois
nesse caso, passe muito bem! Não gosto de gente gabola."
Disse e
pulou para a cama, deitando-se e cobrindo a cabeça com a colcha.
Peter Pan
desapontou e fez cara de arrependido.
— “Oh, não
se ofenda, Wendy”! Eu tenho este defeito.
Sou gabola
de nascença. Quando qualquer coisa de bom me acontece, ponho-me sem querer a
contar prosa. Seja boa.
Perdoe-me. “Reconheço
que uma menina vale mais do que vinte meninos.”
— Isso
também não! — protestou Pedrinho. — Só se é lá na Inglaterra. Aqui no Brasil um
menino vale pelo menos duas meninas.
— Olhem o
outro gabola! — exclamou Narizinho. —
Vovó já
disse que louvor em boca própria é vitupério.
Wendy —
continuou Dona Benta — enterneceu-se com o tom daquelas palavras e sentou-se de
novo na cama, descobrindo a cabeça. Estava risonha e contente.
—
"Peter Pan" — disse ela — "você bem que merece um beijo.
Quer?"
O menino
ficou no ar, sem compreender. Menino sem mãe é assim, nem beijo sabe o que é.
Beijo! Pensou consigo.
Que seria
isso de beijo? Com certeza era aquele copinho de prata que Wendy tinha posto no
dedo quando tomou a agulha para coser a sua sombra. Não podia ser outra coisa.
—
"Quero" — respondeu ele, e foi logo tirando o dedal do dedo de Wendy
e colocando-o no seu, certo de que beijo queria dizer dedal. Depois, para
retribuir a gentileza, perguntou à menina se ela aceitava um beijo dele.
—
"Aceito, sim" — respondeu Wendy, que estava achando muito curioso
aquilo.
— "Pois
tome este" — disse Peter Pan, arrancando um dos botões de seu casaco e
apresentando-o com toda a seriedade.
— Já sei —
gritou Emília. — Beijo para ele significava presente, um presente qualquer. Que
bobíssimo!
— Wendy —
continuou Dona Benta — recebeu o botão e ficou de olhos postos em Peter Pan.
Súbito, perguntou:
— "Que
idade você tem, Peter Pan?"
— "Não
sei. Só sei que sou bastante criança. Fugi de casa no mesmo dia em que
nasci."
— "No
mesmo dia em que nasceu? Que ideia! E por que, meu caro?"
—
"Porque ouvi uma conversa entre meu pai e minha mãe sobre o que eu havia
de ser quando crescesse. Ora, eu não queria crescer. Não queria, nem quero
nunca virar homem grande, de bigodeira na cara feito taturana. Muito melhor
ficar sempre menino, não acha? Por isso fugi e fui viver com as fadas."
Wendy quase
perdeu a fala de tanto gosto, ao saber que estava diante dum menino conhecedor
de fadas. Ela ouvia sua mãe contar histórias de fadas, mas não havia nunca falado
com alguém que as conhecesse pessoalmente.
— "É
verdade isso, Peter? Há mesmo fadas ou você está a mangar comigo?"
—
"Verdade, sim, Wendy. Não muitas, mas há."
— "E de
onde vêm elas?"
—
"Então não sabe, Wendy? Parece incrível! Não há quem não saiba
disso..."
— "Pois
eu não sei. Conte."
— "Foi
assim. A primeira fada apareceu no mundo do dia em que a primeira criança
nascida deu a primeira risadinha."
— "Oh,
nesse caso deve haver uma fada para cada criança no Inundo, porque todas as
crianças dão uma primeira risadinha" — observou Wendy.
—
"Assim devia ser" — confirmou Peter Pan, — “se as fadas não fossem as
criaturas mais fáceis de morrer que existem”. Morrem como passarinhos. “Cada
vez, por exemplo, que uma criança diz que não acredita em fadas, morre uma.”
Peter Pan
contou a Wendy como as fadas nascem, e ao falar em fada lembrou-se da bola de
fogo que havia entrado na gaveta. Era uma fada, essa bolinha, e muito sua
amiga. Uma fada que fazia tudo que as outras fadas fazem menos falar. Sua fala
não passava daquele tlim, tlim, tlim, de campainha de prata.
Assim que
Peter Pan se lembrou da bola de fogo, ou Sininho, como era o seu nome, um tlim,
tlim zangado se fez ouvir dentro da gaveta.
— "A
pobre!" — exclamou Peter Pan. — "Deve estar furiosa comigo por ter-me
distraído com você e esquecido dela. Sininho é ciumentíssima."
De fato.
Sininho saiu da gaveta furiosa. Esvoaçou pelo quarto por uns instantes, indo
afinal esconder-se num canto, emburrada. Eram ciúmes de Wendy. Mas a menina não
deu nenhuma importância àqueles maus modos; continuou a conversar com Peter Pan
como se não houvesse nada.
—
"Vamos, Peter Pan!" — disse ela. "Conte-me mais alguma coisa da
sua vida. Conte onde mora, mas de verdade."
Onde será
que mora Peter Pan? Outro dia em que
Dona Benta tiver um tempinho vamos saber tudo!
Veja o capítulo anterior clicando AQUI
Domínio Público.
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