“... a
contação estimula o imaginário, toca o coração e alimenta o espírito.”
(Maria Ignês de Araújo Mendes)
Relembrando: Contar
histórias...
·
Desenvolve
a linguagem, a memória e o raciocínio;
·
Desperta
o interesse e a busca pelos livros;
·
Promove
a aprendizagem;
·
Proporciona
divertimento, satisfação e alegria;
·
Melhora
a concentração;
·
Desperta
o imaginário e as emoções;
·
Amplia,
transforma, enriquece a nossa experiência de vida;
·
Sensibiliza,
acalma, amplia o conhecimento;
·
Estimula
a criatividade e o senso artístico
Crianças abaixo de 12
anos ainda não são capazes de raciocinar sobre o abstrato, então a transmissão
de valores morais é melhor compreendida e assimilada através de histórias, nas
quais elas possam se identificar.
“Contar
histórias não é um ato apenas intelectual, mas espiritual e afetivo.”
(Eva L.
Trierveiler do Nascimento)
Passos para chegar à
narração:
1 – Escolhendo a
história:
·
Saber
o que escolher, o que vai contar considerando para quem e com que objetivo.
Para orientar a
escolha dos textos úteis é importante saber exatamente os assuntos preferidos
relacionados às faixas etárias:
Até 3 anos: histórias de bichinhos, de
brinquedos, de animais com características humanas (falam, usam roupas, tem
hábitos humanos), histórias cujos personagens sejam crianças.
Entre 3 e 6 anos:
histórias com bastante fantasia, histórias com fatos inesperados e repetitivos,
cujos personagens são crianças ou animais.
7 anos: Aventuras no ambiente conhecido (a
escola, o bairro, a família, etc.) histórias de fábulas, fadas.
8 anos: histórias que utilizam a fantasia
de forma mais elaborada, histórias vinculadas à realidade.
9 anos: aventuras em ambientes longínquos
(selva, oriente, fundo do mar, outros planetas), histórias de fadas com enredo
mais elaborado, histórias humorísticas, aventuras, narrativas de viagens,
explorações, invenções.
10 a 12 anos: narrativas de viagens, explorações,
invenções, mitos e lendas.
(Vania Dohme)
·
Conhecer
em profundidade e detalhadamente a história que contará. Ler várias vezes, de modo despretensioso.
Divertir-se com ela, captar a mensagem nela implícita, e identificar seus
elementos essenciais. (o narrador deve estar sensibilizado para o que
quer narrar, se identificar, apreciar a história, para que consiga transmiti-la
com satisfação e emoção).
· Observar o vocabulário, se está de
acordo com a idade e o contexto vivenciado pelas crianças.
2 – Estudo da
estrutura da história:
· Não decorar. Destacar: 1 –
personagens e suas características; 2 – estrutura do enredo do conto
(introdução, acontecimentos principais e secundários, clímax e desfecho); 3 –
diálogos; 4 – ambientação. Preparar como começar e finalizar o momento da
contação e narrá-lo no ritmo e tempo que cada narrativa exige.
·
Evitar
descrições imensas e com muitos detalhes, para que o campo fique mais favorável
ao imaginário da criança.
3 – Preparação para
a contação:
·
Escolha
de recursos auxiliares:
Usar o próprio livro,
gravuras, cenário, fantoches, dobraduras, cineminha, objetos, dedoches.
“É
importante não abusar de recursos visuais na contação, com excesso de
estimulação sensorial que resulte no desvio da atenção do fio da narrativa.”
(Regina Machado, 2004)
“O uso de
objetos durante a contação deve ocorrer de forma que não impeça o jogo
imaginativo e sem levar o narrador a se transformar em um ator.” (Cléo Busatto).
·
Quanto
ao espaço físico, é sugerido ambientes fechados, que evitem a dispersão e aconselha-se
o aconchego e a proximidade.
“CONTAR
HISTÓRIAS É UMA ARTE... E TÃO LINDA!!! É ELA QUE EQUILIBRA O QUE É OUVIDO COM O
QUE É SENTIDO, E POR ISSO NÃO É NEM REMOTAMENTE DECLAMAÇÃO OU TEATRO... ELA É O
USO SIMPLES E HARMÔNICO DA VOZ.” (Fanny Abramovich).
“Narrar
significa a capacidade de traduzir oralmente as imagens contidas no texto e,
assim, encontrar o melhor caminho para suscitá-la.” (Cléo Busatto)
Para tanto, aponta
três vias: ritmo, intenção e imagens, que podem ser verbais, sonoras e corporais.
IMAGENS VERBAIS:
detecção das descrições que suscitam no ouvinte imaginar sobre as
características físicas e psicológicas dos personagens e os espaços onde a
narrativa acontece. Ex: “mas a menor era tão linda que até o sol que já vira
tanta coisa se alegrava ao iluminar seu rosto” (Rei Sapo) – essa descrição leva
o ouvinte a imaginar a aparência física da princesa.
IMAGENS SONORAS: são
os sons onomatopaicos a sugerir visualizações da narrativa. Ex: “e a princesa
ouviu uns ploc, ploc, ploc nas escadarias de mármore do castelo” (Rei Sapo) –
os ploc, ploc, ploc estimulam a imaginação, que tenta identificar quem está
produzindo esse ruído.
IMAGENS CORPORAIS: são
os movimentos espontâneos que se traduzem em imagens e se relacionam com a
narrativa, de modo a associar a linguagem corporal ao contexto narrativo.
Uma comunicação
efetiva requer um conjunto de elementos para se concretizar. Cinco aspectos
básicos compõem o aperfeiçoamento da expressividade da voz e fala:
1 – CORPO E
IMPORTÂNCIA DO OLHAR:
·
postura
corporal ereta e equilibrada;
·
musculatura
relaxada;
·
o
gesto, assim como qualquer outro movimento corporal, deve estar entrelaçado ao
dito e cumpre o papel de complementação e não de protagonista da comunicação,
lugar delegado à palavra dita.
· Contato olho a olho: manutenção de
interesse, envolve o ouvinte e o valoriza, preenche o silêncio, criando
expectativa e interesse para o que está para ser dito.
2 – ARTICULAÇÃO:
·
deve
ser realizada com precisão e clareza;
·
garantia
de compreensão do conteúdo da história;
·
deve
soar de forma simples e natural;
·
Treino:
realizar a leitura do conto articulando bem cada sílaba das palavras.
“Os porquinhos
Juca, Pipo e Lilo já são porquinhos adultos e resolveram cada um construir a
sua própria casa, que seria o lar de sua família, no futuro.” (Será que o lobo
é mau?)
3 – COORDENAÇÃO
RESPIRAÇÃO-FALA:
·
coordenar
o ato de respirar com a emissão das palavras;
·
Pausa (palavra mágica para o controle
respiratório):
não
pode competir com a mensagem, aproveitar-se dos sinais de pontuação, aproveitar
para criar um clima de suspense na narrativa (mas não pode ser muito
prolongada), dar significado ao que se diz.
“Pipo
é um pouco mais organizado e resolveu fazer sua casa de madeira e galhos de
árvores, para suportar ventos e chuvas. Assim que terminou a casa foi
descansar, pois estava muito cansado.” (Será que o lobo é mau?)
4 – PROJEÇÃO DA VOZ NO AMBIENTE:
Reconhecimento da
produção da voz e fala do narrador e o ambiente onde ocorrerá a narração.
5 – MODULAÇÃO:
Refere-se a variações
na entonação da fala, concedendo a mesma sentido e vivacidade.
·
ENTONAÇÃO:
confere a musicalidade na voz. Variações de frequência e de intensidade – importante o narrador conhecer sua própria voz e as diversas maneiras como ela pode se apresentar.
confere a musicalidade na voz. Variações de frequência e de intensidade – importante o narrador conhecer sua própria voz e as diversas maneiras como ela pode se apresentar.
“Tudo ia muito bem,
até que chegou a primavera, a mais bela das estações. Qual o problema? O
problema é que Zoé, esse é o nome do lobo, é alérgico a pólen de flores. Ele
costuma espirrar muito, tossir sem parar, ficar com os olhos vermelhos e ter
coceiras no nariz e, às vezes, coçar todo o corpo sem conseguir parar.” (Será
que o lobo é mau?)
·
RITMO:
variamos a velocidade da fala de acordo com o que se quer enfatizar na narração.
variamos a velocidade da fala de acordo com o que se quer enfatizar na narração.
“O lobo não
conseguiu sequer pedir desculpas ao porquinho, muito menos explicar que
precisava de ajuda, pois Juca fugiu apavorado e foi se esconder na casa de seu
irmão Pipo.” (Será que o lobo é mau?)
·
É
através da modulação que podemos transmitir as emoções e intenções da história.
“O lobo ficou muito
chateado pelo que aconteceu, mas decidiu ir até a casa do porquinho Lilo, não
apenas para que eles lhe ajudassem a trocar o remédio, mas para pedir desculpas
e avisar que assim que melhorasse da alergia iria ajudar a reconstruir as casas
dos dois porquinhos.”
·
Identificar
palavras-chave fundamentais ao contexto narrativo e colocar ênfase nas mesmas.
“Juca construiu uma
casa de palha e assim que terminou foi dormir, que é o que ele mais gosta de
fazer. E Juca pretende dormir bastante, agora que não tem sua mãe por perto
para lhe alertar sobre a preguiça.”
·
O
clima de uma passagem do conto e as características de um personagem podem ser
melhor introjetados pelos ouvintes se a voz do narrador apresentar
flexibilidade e nuances variadas.
“Perto de onde
foram morar Juca, Pipo e Lilo mora um lobo, que eles pensavam que era mau. Mas
estavam enganados, pois o lobo já estava idoso, tinha orelhas e nariz muito
grandes e apesar da aparência de mau era, na verdade, um lobo bom, quieto e sem
muitos amigos.”
“Assim, era
uma vez... de boca em boca, de boca para ouvidos... a palavra, protagonista
principal da arte de contar histórias. Revestida de recursos (modulação,
articulação, pausas, projeção), bem acompanhada do gesto, do movimento
corporal, do olhar e moldada à estrutura da narrativa oral, melhor ainda pode
continuar seu destino de desde sempre fazer imaginar e encantar e também pode
contribuir de modo efetivo para a prática educativa.”
(Lúcia Helena F Neto, Klívia Nayá B.
da Silva e Isabella F de Arruda)
Um comentário:
Boa noite Jeanne
Dicas excelentes e maravilhosas
Amo contar histórias
São nestes momentos que as relações de afetividade se consolidam
Um ótimo domingo
Beijos
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