Caminhavam dois burros, um com carga de açúcar, outro com carga de esponjas. Dizia o primeiro:
— Caminhemos com cuidado, porque a estrada é perigosa.
O outro redargüiu: — Onde está o perigo? Basta andarmos pelo rastro dos que hoje passaram por aqui.
— Nem sempre é assim. Onde passa um, pode não passar outro.
— Que burrice! Eu sei viver, gabo-me disso, e minha ciência toda se resume em só imitar o que os outros fazem.
— Nem sempre é assim, nem sempre é assim... continuou a filosofar o primeiro.
Nisto alcançaram o rio, cuja ponte caíra na véspera.
— E agora?
— Agora é passar a vau.
O burro do açúcar meteu-se na correnteza e, como a carga se ia dissolvendo ao contato da água, conseguiu sem dificuldade pôr pé na margem oposta. O burro da esponja, fiel às suas ideias, pensou consigo:
— Se ele passou, passarei também — e lançou-se ao rio. Mas sua carga, em vez de esvair-se como a do primeiro, cresceu de peso a tal ponto que o pobre tolo foi ao fundo.
— Bem dizia eu! Não basta querer imitar, é preciso poder imitar — comentou o outro.
Fábulas de Monteiro Lobato
6 comentários:
Uno no debe imitar debe ser uno mismo tus circunstancias no son iguales a las de otro. Todos tenemos nuesto camino. Genial entrada te mando un beso
Gostei desta fábula.
Um abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Hahaha, gostei bastante! :)
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Um excelente fim de semana.
Beijos
Uma fábula que nos dá várias formas de interpretação.
Uma delas é que algumas vezes absorvemos o caos a nossa volta como esponja, é preciso aprender soltar pesos e amarras no decorrer da nossa estrada.
Um abraço,
Sônia
gostei muito é pena ser pequena mas gostei bjs saude
Perfeito! Sabedoria plena!
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